PI em Ação: O Negócio de Banana no Brasil
14 de Dezembro de 2018
O Governo de Santa Catarina criou associações regionais inovadoras que se uniram ao Banco Mundial, instituições nacionais e universidades para fortalecer o sistema de propriedade intelectual (PI) como objetivo de valorizar os produtos locais, o turismo local e o desenvolvimento de culturas sustentáveis. Um dos produtos que se beneficiou dessas parcerias foi a banana da região de Corupá, no Brasil.
Protecting a unique origin
As bananas da região de Corupá foram estrategicamente selecionadas para serem o primeiro produto regional a solicitar uma indicação geográfica. Em 26 de agosto de 2018 foi concedida uma denominação de origem. A décima denominação nacional no Brasil e a primeira no estado de Santa Catarina.
A área coberta por esta denominação de origem compreende 980 famílias de produtores nos distritos de Corupá, Jaraguá do Sul, São Bento do Sul e Schroeder, que cultivam bananas na região há mais de 120 anos. Todos eles habitam uma região montanhosa com um clima subtropical, belos rios, trilhas e 74 cachoeiras catalogadas.
Uma banana especial
As condições particulares de clima e solo na área significam que as bananas cultivadas nessa região demoram mais do que o normal para amadurecer (13 meses em comparação com 7 meses para produtores do Equador). No entanto, esse período de crescimento mais longo também faz com que as bananas da região sejam menos atrativas estéticamente, com manchas escuras em suas cascas, mas em compensação com uma maior concentração de açúcares naturais que outras bananas produzidas no Brasil.
Primeira tentativa
A Associação dos Bananicultores de Corupá (ASBANCO) foi criada em 2004 para comprar fertilizantes a granel e garantir redução nos custos. A partir de 2006, a Associação começou a investigar como poderia se beneficiar da singularidade de seus produtos, através de uma marca coletiva. Entretando, ao final, eles decidiram ir em uma direção diferente.
O Marketing compensa
A Associação vem realizando diversas campanhas para promover seus produtos, incluindo programas de rádio, concursos de culinária em escolas de ensino fundamental e médio e o lançamento do Dia Nacional da Banana.
Essas iniciativas de promoção foram recompensadas. Em 2012, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) identificou as bananas da região de Corupá como possíveis candidatas à proteção por indicações geográficas. Assim, o SEBRAE se associou a instituições locais e universidades para realizar um estudo de escopo. Paralelamente, a Associação continuou organizando eventos com o objetivo de promover a região e o produto local, como o “Bananalama”, um encontro de motos off-road que já foi mencionado duas vezes no Livro Guinness dos Recordes.
A ASBANCO também começou a trabalhar com mulheres da região na extração e distribuição da fibra da bananeira para o desenvolvimento de artesanato, assim como, passou a apoiar a produção de doces e condimentos feitos a partir de frutas locais, como bananas secas, geléia de banana e até mesmo um ketchup feito de banana.
Crescimento rápido
A produção de bananas na região de Corupá gera atualmente em média uma receita anual de R$ 50 milhões (cerca de US $ 13,5 milhões) para as famílias locais. Além disso, a fama da fruta local, juntamente com as paisagens naturais e as festividades locais, tem atraído cada vez mais turismo para a região. A cidade de Corupá viu a abertura de cinco hotéis e sete restaurantes nos últimos anos e espera-se que esses números cresçam de maneira sustentável.
O Governo do Estado de Santa Catarina espera que outros produtos candidatem-se para serem protegidos por Indicações Geográficas no futuro próximo, incluindo queijo colonial, vinhos, maçãs e chá. Muitas universidades da região oferecem programas de mestrado em desenvolvimento regional, porque entendem a necessidade de promover o desenvolvimento das regiões como um meio de impulsionar as economias locais e evitar o esvaziamento de determinadas regiões, assim como a superpopulação em outras. O Governo do Estado acredita que uma das chaves para esse resultado positivo é o uso estratégico de Propriedade Intelectual, especialmente as IGs e as marcas coletivas.