Aurelius Environmental

É fácil pensar que se quase todo o material de uma determinada indústria for reciclado, esta indústria será totalmente sustentável. Porém, essa conclusão não leva em conta a natureza e os efeitos do próprio processo de reciclagem.

O uso de baterias de chumbo-ácido é amplamente propagado em nossa sociedade: em carros e outros veículos, para iluminação de emergência e como energia de reserva para hospitais. O desenho básico e os materiais utilizados na sua produção não mudaram desde o início do século XIX: a bateria padrão consiste numa caixa de plástico com uma certa quantidade de ácido, no qual repousam terminais de chumbo. Todos esses componentes são largamente reciclados, com taxas de reciclagem ultrapassando os 95% na maioria dos países do G7. Infelizmente, porém, a indústria que recicla o chumbo encontrado nessas baterias contribui de forma considerável para as emissões de carbono.

(Fotografia: Getty/Bet_Noire)

Qual a razão disso? Esse fenômeno deve-se ao intenso calor necessário para fundir os terminais de chumbo com vista à fabricação de barras de chumbo reutilizáveis. As fornalhas de fundição precisam atingir temperaturas de mais de 1100°C, o que requer grandes quantidades de energia. Isto significa que para cada 10.000 toneladas de baterias de chumbo-ácido recicladas, são produzidas 4.500 toneladas de CO2, 4 toneladas de SO2, 2 toneladas de NO2 e 1 tonelada de partículas de chumbo.

Sobre a empresa

A Aurelius Environmental foi fundada em 2014 com o intuito de trabalhar por um mundo sem resíduos, pondo a tecnologia a serviço da criação de um mundo melhor. Seus cofundadores aliam um sólido conhecimento do mercado de baterias comerciais e da tecnologia de reciclagem à perícia em química e em propriedade intelectual (PI), a fim de criar soluções inovadoras para os atuais desafios em matéria de sustentabilidade.

O principal inventor do processo da Aurelius, o Professor Vasant Kumar (primeiro à esquerda) da Universidade de Cambridge, e o CEO Miles Freeman são contemplados com o prêmio Rushlight Resource Innovation em janeiro de 2019. (Fotografia: Cortesia de Aurelius Environmental)

O processo FenixPb da Aurelius Environmental recupera o material ativo das baterias (conhecido como óxido plumbífero: uma mistura de placas de chumbo e óxido de chumbo) reduzindo, ao mesmo tempo, a pegada carbônica em mais de 85%. Trata-se de um processo com zero resíduo que diminui de maneira substancial a energia usada, pois, em vez de ocorrer numa fornalha, o processo é realizado em água fria.

Além disso, o material ativo produzido por meio do processo de reciclagem apresenta uma maior porosidade, prestando-se ao uso em baterias superiores, já que possui uma densidade energética mais alta em comparação às baterias fabricadas com o chumbo proveniente de minas.

A PI tem sido fundamental para o êxito da Aurelius, proporcionando aos fundadores a confiança necessária para conduzirem sua empresa do zero a um volume de negócios no valor de 5 milhões de libras, em parte graças a seu próprio investimento pessoal. Esta posição em matéria de PI permitiu à Aurelius Environmental estabelecer laços com investidores e licenciados no mundo todo, contando com mais de 40 expressões de interesse nos quatro cantos do planeta. Atualmente, a empresa está negociando licenças em todos os principais mercados do mundo.