A FLUOROSE: Uma doença ainda presente no século XXI

Apresentado pelo Instituto Espanhol de Marcas e Patentes

Na Etiópia, milhões de pessoas são expostas à fluorose, uma doença óssea causada pelo consumo excessivo de fluoreto, um poluente das águas subterrâneas que pode ser encontrado na água potável.

Alguns estudos sugerem que mais de 14 milhões de etíopes correm o risco de sofrer de fluorose dentária ou esquelética. Esta doença afeta notavelmente as crianças, dado que seus dentes permanentes ainda se encontram em fase de formação.

Detectar a causa e encontrar a solução através da ciência e da pesquisa

Ao determinar a causa, o objetivo foi reduzir os altos níveis de fluoreto presente na água para 1,5 miligrama por litro (mg/L), conforme estipula a Organização Mundial da Saúde.

No Vale do Grande Rift da Etiópia, 41% das fontes de água potável contêm uma concentração de fluoreto superior a esse nível. Isto significa que ingredientes alimentícios e a comida preparada com água de origem local poderiam também ser uma fonte notável de consumo de fluoreto.

Uma equipe do Conselho Nacional de Pesquisa Espanhol (CSIC) e da Universidade de Addis Abeba da Etiópia desenvolveu uma tecnologia que extrai o fluoreto da água de forma sustentável e economicamente abordável.

“Um sonho tornado realidade com a ajuda da tecnologia proporcionada pela zeólita”

Esta nova tecnologia é originada pelo uso de zeólita, minério encontrado em grande quantidade no Vale do Grande Rift que ajuda a filtrar nosso fluoreto. A zeólita natural é de origem vulcânica e possui uma estrutura microporosa única que pode reter uma grande variedade de elementos, tais como o sódio, o potássio e o magnésio. A equipe de pesquisa do CSIC conseguiu modificar a zeólita para que, neste caso, possa aprisionar o fluoreto.

Esta técnica provou, por conseguinte, ser muito mais eficiente do que outras soluções conhecidas para a extração do fluoreto. Também é mais economicamente abordável e não produz resíduos poluentes.

Implementação: Um sonho tornado realidade

A patente ES2500042A1 protege a tecnologia possuída pela empresa das ilhas Canárias Tagua SL, que lançou a produção comercial do filtro à base de zeólita sob o nome de HINDROP. Obteve, entre outros reconhecimentos, o selo distintivo de PME inovadora, por parte do governo espanhol. A nova tecnologia de filtragem não requer pessoal treinado ou infraestrutura complexa para sua instalação. Pode também ser adaptada tanto ao uso doméstico quanto comunitário.

A colaboração entre o CSIC e a ONG Amigos de Silva, juntamente com a Fundação Juan Entrecanales de Azcárate (Espanha) e o Stiftung Freie Gemeinschaftsbank (Suíça) possibilitou o desenvolvimento de duas estações de tratamento de água à base de zeólita que foram inauguradas em 23 de novembro de 2019. Estão situadas nas aldeias de Dida e Obe, a cerca de 25 quilômetros de Ziway, no Vale do Grande Rift, a 160 quilômetros ao sul da capital Addis Abeba, onde a fluorose permanece sendo altamente prevalecente.

Dois filtros foram desenvolvidos, fabricados e instalados em dois poços contaminados que fornecem água à comunidade local, a qual possui uma escola primária com 400 alunos, um centro recreativo e um centro de saúde materno-infantil com assistência de enfermeiras. A água dos poços tinha uma concentração de fluoreto de 2-3 mg/L, sendo agora filtrada graças a essa nova tecnologia baseada em zeólita, e a comunidade é agora abastecida com boa água potável.

Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis: Mais relevantes do que nunca

O desenvolvimento dessa tecnologia demonstra o firme alinhamento das pesquisas conduzidas pelo CSIC com os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), especificamente com o Objetivo 6, que visa a obter água limpa e saneamento.

Dados sobre o titular da patente

O Conselho Nacional de Pesquisa Espanhol (CSIC) é a Agência Estatal de Pesquisa Científica e de Desenvolvimento Tecnológico da Espanha. Seu objetivo é promover, coordenar, desenvolver e difundir a pesquisa científica e tecnológica multidisciplinar, a fim de contribuir para o avanço do conhecimento e para o desenvolvimento econômico, social e cultural.

O CSIC possui 120 centros em todo o país, nos quais realiza pesquisas em todas as áreas científicas e tecnológicas. O CSIC foi o primeiro requerente de patentes na Espanha, o primeiro requerente espanhol de patentes europeias e de patentes ao abrigo do Tratado de Cooperação em Matéria de Patentes (PCT) e ocupa o terceiro lugar entre os organismos públicos europeus em termos de patentes europeias.

No decurso dos últimos cinco anos, o CSIC requereu proteção no mercado para 437 tecnologias, das quais 216 foram protegidas por patentes.

A Tagua SL é uma empresa que está firmemente empenhada em prol da inovação. Foi fundada em 1987, com o objetivo principal de captação e venda de águas provenientes de lençóis freáticos, de poços e de túneis subterrâneos. Posteriormente, em 2001, expandiu suas atividades para a engenharia civil, área em que realizou uma grande variedade de obras relacionadas à infraestrutura hidráulica em ciclos hídricos integrais. Expandiu suas atividades ao longo dos anos, sendo hoje reconhecida como especialista no ciclo integral da água em todas as etapas: captação, tratamento, dessalinização, distribuição, saneamento, purificação e reutilização.