Uncanny Valley: na vanguarda da produção musical
A Uncanny Valley Music and Technology encontra-se na vanguarda da criatividade musical, utilizando a inteligência artificial (IA) para reinventar o processo da criação de música. Contando com décadas de experiência na indústria da música, Justin Shave e Charlton Hill criaram, em 2010, esta empresa, que hoje propõe inúmeros briefings para projetos comerciais de música original ou de remixagem. Em 2020, a Uncanny Valley e sua colega Caroline Pegram formaram Team Australia, que venceu o primeiro Festival Eurovisão da Canção de IA. Charlton Hill apresenta aqui a plataforma memu, da Uncanny Valley, e fala sobre o papel da propriedade intelectual (PI) para esta empresa de tecnologia musical de ponta.
Fale-nos sobre a Uncanny Valley
Criamos a Uncanny Valley em 2010. A nossa principal atividade é a composição de música para projetos comerciais de música original e de remixagem. Ao longo dos últimos 10 anos, evoluímos como uma empresa de música e tecnologia e desenvolvemos uma maneira de abordar o processo musical que tem por base a criatividade aumentada. Em 2020, vencemos o primeiro Festival Eurovisão da Canção de IA. Também já trabalhamos em colaboração com a Creative Lab Sydney, da Google, num projeto chamado ferramentas ML (Machine Learning) para Músicos. Temos um Conselho Consultivo para questões de IA, constituído de acadêmicos e profissionais da indústria musical.
Participamos regularmente de conferências sobre o tema da IA e a criatividade aumentada.
Fale-nos sobre seu produto
O nosso principal produto tecnológico chama-se memu: uma plataforma de streaming ao vivo de músicas de composição e produção únicas, sem fim. memu utiliza a aprendizagem de máquina e a inteligência aumentada para selecionar e combinar música intuitivamente, a fim de criar e mixar, proporcionando uma experiência musical em tempo real ímpar. O motor memu é extremamente adaptável e pode ser utilizado de diversas maneiras, desde a função colaboração com artistas e com titulares de PI até streamings individuais e a opção de produzir grandes volumes de música. A sua arquitetura foi projetada para escalonar.
memu é um ecossistema evolutivo e colaborativo, no qual as contribuições de músicos, beatmakers e vocalistas são inteiramente rastreáveis, possibilitando o aproveitamento de dados emocionais e novos fluxos de renda para os artistas. A plataforma memu é um motor prolífico e personalizável. Estamos atualmente utilizando-o num contexto business-to-business (B2B), prestando serviços em projetos de tecnologia criativa comercial num amplo leque de setores, enquanto ao mesmo tempo, construímos a interface business-to-consumer (B2C).
Que tipo de música o memu produz?
Atualmente, memu toca 24 horas por dia: são 10.080 minutos de música de composição única por semana, por streaming. Ele gera faixas mais rápido do que em tempo real e pode compor 33.600 minutos de música por semana, incluindo muitas faixas individuais
O que o levou a desenvolvê-lo?
O impulso inicial foi a nossa vontade de longa data de desenvolver uma interface interativa que ajudasse a compor música. A explosão da demanda por conteúdos musicais e a necessidade de novos métodos narrativos com quantidades abundantes de música, conjugadas com uma crescente necessidade de personalização musical, também contribuíram para o avanço de nossos planos. Estes são os elementos centrais do motor memu. Outra motivação crucial foi a criação de uma plataforma colaborativa para ajudar titulares de PI a maximizar e a reaproveitar a sua PI. O memu permite isso.
Quais foram os maiores desafios que encontrou para desenvolver memu e levá-lo até o mercado?
Criar um sistema generativo de música é algo tecnicamente bastante complexo. O maior desafio foi definir sua arquitetura e lógica subjacente. Montamos nossas soluções iniciais com o uso de tecnologias existentes, mas logo percebemos que precisávamos recomeçar nosso modelo do zero. Definir a lógica e constituir a equipe certa para desenvolvê-la foi de primordial importância. Também aprendemos muito sobre como apresentar a nossa plataforma sob um prisma positivo. Nós a consideramos um passo positivo no sentido de permitir que artistas e titulares de PI criem fluxos de renda adicionais, com seu trabalho.
A que momento perceberam que a propriedade intelectual podia apoiar seu negócio?
O núcleo do nosso negócio é a música. Entender a PI e como ela pode criar valor é, portanto, fundamental para todas as transações nesse ramo. Justin Shave e eu viemos ambos de carreiras como cantores e compositores e produtores musicais. Assim, o fato de já estarmos familiarizados com a PI é um ponto forte para a Uncanny Valley.
Os direitos de PI embasam cada aspecto da nossa plataforma memu, seus sistemas proprietários e arquitetura, bem como no sentido tradicional de permitir que colaboradores rastreiem suas contribuições e recebam por elas.
Como gostaria de ver o sistema de PI evoluir?
Estamos atuando numa área tão nova que parece que estamos criando uma nova abordagem aos fluxos de renda e titularidade de PI no setor musical, à medida que fazemos evoluir nosso motor e modelo de negócios. Por este motivo, do nosso ponto de vista, os institutos de PI devem mostrar-se abertos a debates sobre como reformar os quadros jurídicos existentes para a PI e participar ativamente da discussão sobre como esses quadros jurídicos podem ser adaptados para novos modelos de titularidade de PI. Já estamos trabalhando com a OMPI nessas questões há um ano, e tem sido uma experiência de antecipação positiva, o que é excelente.
Que conselho daria para outras PMEs no que diz respeito à PI?
Sempre protejam a sua PI. Num mundo em que as PMEs precisam ser ágeis por natureza, os fluxos de renda tradicionais podem ser um alvo móvel. A PI é um ativo que pode tornar seu negócio mais sustentável.
Quais são seus planos para o futuro?
Planejamos continuar melhorando e ampliando o nosso banco de dados memu e seu uso numa série de indústrias. Nossa experiência do usuário (UX) estará disponível em breve, o que significa que os usuários terão a possibilidade de inserir insumos e realizar mudanças nas faixas, bem como de individualizar seus streamings e quaisquer artistas ou titulares que trabalhem conosco. Essa dimensão de “envolvimento dos fãs” é imensa e muito empolgante.