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Empreendendo com muita moda: um pioneiro estilista africano mira o mercado de marcas de luxo

Dezembro de 2022

Paul Omondi, escritor independente

Atualmente, a grife que leva o nome do estilista Taibo Bacar exibe suas criações em passarelas internacionais e nas principais lojas de artigos de luxo do mundo, desmentindo suas humildes origens moçambicanas. A Taibo Bacar é uma das mais importantes grifes africanas, sendo reconhecida por sua combinação criativa de coleções de alta-costura com roupas de fast fashion. Cheias de personalidade, as peças da marca narram histórias pessoais com uma explosão de cor, detalhes e cortes intricados que renderam inúmeros prêmios e um lugar de destaque no mercado mundial. A Taibo Bacar fez história ao ser a primeira marca africana a se apresentar na Fashion Week de Milão, em 2010.

Primórdios

A Taibo Bacar comercializa suas peças no mundo
inteiro e tem lojas em Moçambique e na África do
Sul. (Foto: cortesia da Taibo Bacar)

Antes de haver a grife Taibo Bacar, havia Taibo Bacar, o estilista, cuja primeira investida no mundo da moda foi inspirada por sua mãe costureira. A trajetória que o levou até o hall da fama da moda começou a ser traçada quando, em 2006, Bacar conheceu a modelo Tatiana Ismael em um desfile. Desse encontro nasceu, três anos mais tarde, um negócio vicejante: a grife Taibo Bacar.

Tatiana Ismael conhecia a indústria da moda como a palma da mão e tinha vasta experiência internacional em seu ângulo mais comercial, o que fazia dela a sócia perfeita para Bacar. Ismael se encarrega do lado comercial do negócio, enquanto o estilista cuida do lado criativo com sua imaginação. Como marca, a Taibo Bacar busca estabelecer um vínculo pessoal com seus consumidores.

“Desde a conceitualização das nossas ideias ou temas até o processo produtivo em si, uma das características das nossas criações é a intencionalidade. Queremos estabelecer com nossos consumidores um vínculo em nível pessoal. É uma consequência inevitável da paixão e do amor que colocamos em nosso trabalho”, diz Ismael.

Graças a esse espírito, a Taibo Bacar está reunindo forças para embarcar em uma nova aventura empreendedora, que deve fazer a grife ir além da alta-costura e das revistas de moda e beleza para conquistar espaço no nicho de mercado das marcas de luxo, complementando sua atuação no universo da moda.

“É uma questão de diversificação. Temos muitos projetos engatilhados para o futuro, inspirados nas coisas que fizemos ao longo dos últimos 12 anos, ainda que nem tudo tenha a ver com moda”, diz Bacar ao comentar os planos da empresa de expandir sua atuação para o restrito mercado de luxo.

O desafio da propriedade intelectual

No entanto, nem sempre as coisas foram fáceis, sobretudo porque o negócio da moda é novidade em Moçambique e pouca gente compreende a importância de respeitar o trabalho de criadores e inventores.

“A proteção da propriedade intelectual (PI) é problemática na África e a situação é particularmente difícil para os setores criativos, como o da moda, ainda mais em Moçambique, onde a moda ainda não se constituiu como um segmento de atividade bem definido”, diz Ismael.

A empresária observa que, em Moçambique e na maior parte da África, seria importante ampliar as iniciativas de educação em propriedade intelectual, para que as pessoas entendam a importância da PI como um ativo empresarial.

Taibo Bacar aconselha os jovens estilistas africanos a se concentrar no desenvolvimento de suas marcas e empresas, sem deixar se distrair pela fama ou pelo status de celebridade.

Embora o nome Taibo Bacar e os logotipos e imagens associados sejam registrados como marcas, muitas vezes é difícil assegurar a proteção legal desses direitos. Ismael entende a situação como um fardo que a empresa precisará carregar enquanto o setor se desenvolve, acrescentando que, apesar de ser um passo importante para o crescimento da marca no futuro, a obtenção da proteção de marca não é suficiente para impedir violações.

“Mesmo quando detêm patentes, direitos de autor ou registros de marca, as pessoas (físicas e jurídicas) se veem constantemente às voltas com terceiros que se apropriam de suas marcas e lucram de forma espúria com seu trabalho”, diz ela.

Trata-se de uma ameaça real, com a qual a Taibo Bacar – que já teve seus logotipos imitados e suas camisetas pirateadas por contrafatores – está mais do que familiarizada. O desafio é ainda maior por conta da complexidade e morosidade que caracterizam o sistema judicial moçambicano, desestimulando muitos criadores a recorrer à Justiça para pleitear indenizações e outras reparações cabíveis.

“Como esperar que as pessoas compreendam a importância de se respeitar os direitos de propriedade intelectual se elas nem se dão conta de que estão fazendo algo ilegal?”, indaga Bacar. “As campanhas de conscientização sobre o papel da propriedade intelectual deveriam mirar não só inventores e criadores, mas também o público em geral que consome nossos produtos e serviços e interage com nossas marcas.”

A criatividade de Taibo Bacar vem da ancestralidade
de suas raízes africanas.
(Foto: cortesia da Taibo Bacar)

É uma situação difícil para uma pioneira empresa de moda, e não ajuda em nada o fato de que, em Moçambique, as disposições legais em matéria de propriedade intelectual sejam antiquadas e que, à época de sua elaboração, os legisladores não previram a constituição de empresas de moda como a de Taibo Bacar, nem tampouco os desafios impostos pela era digital. A incerteza quanto às estratégias mais adequadas para abordar questões emergentes relativas à propriedade intelectual e a falta de clareza com relação às instâncias a que recorrer também criam confusão para os atores do setor. No entanto, em economias africanas mais maduras, como a África do Sul, onde a marca Taibo Bacar tem forte presença, a situação é muito melhor. “Sabemos que, por sermos uma marca internacional, precisamos proteger nossos ativos de propriedade intelectual em vários países. Felizmente, a África do Sul conta com uma legislação sólida em matéria de propriedade intelectual e os advogados do país têm conhecimento mais aprofundado na área”, acrescenta o estilista.

Com o avanço de seu reconhecimento mundial e as primeiras incursões da marca no mercado internacional, a proteção de PI tornou-se um imperativo para a Taibo Bacar. Em razão disso, a empresa decidiu criar um departamento para lidar com as questões de propriedade intelectual, permitindo que Bacar e Ismael se concentrem exclusivamente nas atividades diárias relativas à criação, produção e comercialização de seus produtos.

No momento, o portfólio de marcas da empresa inclui seus logotipos, a marca Taibo Bacar e diversas imagens. Em Moçambique, a empresa conta com dez logotipos protegidos por direitos de marca, refletindo sua evolução ao longo dos anos. A grife dispõe ainda de quatro logotipos registrados na África do Sul e estuda patentear alguns de seus processos e produtos, embora os custos envolvidos sejam um obstáculo e não haja sequer muita segurança de que as patentes pretendidas resistiriam a contestações judiciais.

“O processo para a obtenção de uma patente tem um custo altíssimo. Os advogados que consultamos nos recomendaram cautela, pois precisamos estar em condições de defender nossas inovações e produtos na eventualidade de outras empresas aparecerem no mercado com alguma variação deles”, explica Ismael.

Em que pesem esses desafios, o estilista ainda deseja obter proteção para as peças e designs que são criações únicas da grife, entre as quais figura toda a sua linha de artigos de couro, composta sobretudo por bolsas e cintos.

Colaboração com outros criadores

A moda é uma atividade inerentemente colaborativa, envolvendo, com frequência, a atuação conjunta de fotógrafos, videomakers, modelos, cineastas, joalheiros e até desenvolvedores de programas computacionais. A Taibo Bacar reconhece os desafios que isso pode representar, visto que esses criadores precisam expor ou comercializar seus ativos de propriedade intelectual para que possam trabalhar juntos. É por esse motivo que é tão importante que os criadores tenham um bom conhecimento das questões relativas à propriedade intelectual.

“As colaborações muitas vezes nos impõem desafios. Por isso procuramos nos precaver, exigindo a assinatura de contratos ou acordos de confidencialidade antes de fechar parcerias”, explica Bacar.

O estilista frisa que a medida é particularmente importante em se tratando de fotografias, já que a divulgação precipitada de imagens pode comprometer uma campanha publicitária, ainda mais agora que até as modelos registram as sessões de fotos com seus smartphones.

“Quando estamos produzindo uma campanha, as imagens não podem ser divulgadas em nenhuma plataforma antes do evento. As fotos são um componente crucial do nosso negócio e precisamos ter controle sobre todas as etapas, das sessões de fotos e edição à fase de design, pois é a nossa empresa, a nossa reputação e a nossa marca que estão em risco. Temos contratos bastante rígidos que descrevem claramente o serviço a ser executado e os direitos de propriedade intelectual dos fotógrafos”, explica Bacar. O estilista afirma ainda que a Taibo Bacar está comprometida com os direitos de PI dos fotógrafos, garantindo que seu trabalho receba o devido crédito quando é usado por terceiros, como as revistas de moda. Já a atuação de modelos e sua participação nas fotos é menos problemática, pois nesse caso o trabalho é regido por contratos bastante específicos, firmados com agências internacionais de modelos.

Vantagens da globalização

(Foto: cortesia da Tabo Bacar)

Entusiasta da globalização, Bacar desafia os estilistas africanos a olhar mais para fora e deixar de lado seu protecionismo excessivo em relação ao patrimônio cultural do continente.

“Precisamos nos abrir para a globalização e reconhecer que não podemos querer nos beneficiar de outras culturas e, ao mesmo tempo, guardar nosso próprio patrimônio a sete chaves. Disponibilizando nossos conhecimentos e ativos tradicionais para o mundo e exibindo o belo trabalho que fazemos na África, estaremos nos abrindo para oportunidades que vão muito além das nossas fronteiras”, diz.

O estilista sabe o que está falando. Depois de ser eleito estilista emergente do ano na Africa Fashion Week de 2012, em Joanesburgo, por conta do uso criativo que faz em suas peças feitas do capulana, um tradicional e colorido tecido moçambicano, Bacar recebeu um convite exclusivíssimo para se encontrar com mais de 100 estilistas mundialmente famosos em Roma, na Itália.

Disponibilizando nossos conhecimentos e ativos tradicionais para o mundo e exibindo o belo trabalho que fazemos na África, estaremos nos abrindo para oportunidades que vão muito além das nossas fronteiras.

Taibo Bacar

Bacar tem esperanças de que no futuro a África deixe de ocupar um lugar periférico na indústria da moda, transformando-se em um polo competitivo, com um segmento pujante de confecções. No momento, a Taibo Bacar comercializa suas peças no mundo inteiro pela internet e tem lojas em Moçambique e na África do Sul. Os planos de expansão saíram do papel em 2019, com o estabelecimento de uma rede de franquias na África do Sul, mas precisaram ser suspensos devido à pandemia de Covid-19. Apesar disso, diversos varejistas ainda mantêm estoques de peças e artigos da grife para atender o mercado sul-africano.

Pregando um último botão

Taibo Bacar aconselha os jovens estilistas africanos a se concentrar no desenvolvimento de suas marcas e empresas, sem deixar se distrair pela fama ou pelo status de celebridade.

“O problema é que a maioria desses jovens quer ser estilista, mas não entende que é preciso centrar esforços no desenvolvimento de uma marca. Isso significa que o trabalho deve ser organizado no contexto de uma empresa que opera como um negócio lucrativo e não como um indivíduo.”

O conselho se baseia no conhecimento e experiência acumulados por Taibo Bacar em sua jornada empreendedora. Foi assim que o estilista conseguiu se destacar e ser diferente.

A Revista da OMPI destina-se a contribuir para o aumento da compreensão do público da propriedade intelectual e do trabalho da OMPI; não é um documento oficial da OMPI. As designações utilizadas e a apresentação de material em toda esta publicação não implicam a expressão de qualquer opinião da parte da OMPI sobre o estatuto jurídico de qualquer país, território, ou área ou as suas autoridades, ou sobre a delimitação das suas fronteiras ou limites. Esta publicação não tem a intenção de refletir as opiniões dos Estados Membros ou da Secretaria da OMPI. A menção de companhias específicas ou de produtos de fabricantes não implica que sejam aprovados ou recomendados pela OMPI de preferência a outros de semelhante natureza que não são mencionados.