Maria Fernanda Hurtado, Diretora Executiva da Global Intellectual Property Alliance (GLIPA)
Onde quer que estejam presentes, os ecossistemas da inovação costumam apresentar uma brecha comum a todos: com um funcionamento muito semelhante, essas organizações desenvolvem programas em setores específicos, trabalhando de forma totalmente isolada. Perdem, assim, a excelente oportunidade de unir-se a entidades regionais ou internacionais com maior escopo e alcance e, portanto, com mais potencial para oferecer melhorias à vida das pessoas.
O que não faltam são oportunidades para promover e estimular o diálogo entre legisladores, pesquisadores, empresas, empreendedores e consumidores, com o objetivo de avançar na construção de ecossistemas de inovação que sejam eficazes, inclusivos, diversificados e atendam a nossas necessidades…
As brechas não são apenas geográficas. Como mencionado no Relatório Mundial sobre a Propriedade Intelectual de 2022, “as motivações do setor público e do setor privado nem sempre estão sintonizadas”. O que não faltam são oportunidades para promover e estimular o diálogo entre legisladores, pesquisadores, empresas, empreendedores e consumidores, com o objetivo de avançar na construção de ecossistemas de inovação que sejam eficazes, inclusivos, diversificados e atendam a nossas necessidades, a fim de promover o crescimento das empresas e o desenvolvimento socioeconômico de forma mais ampla.
A visão da GLIPA é construir um mundo em que o sistema de propriedade intelectual torne as pessoas capazes de melhorar seu dia a dia e criar um futuro mais próspero e sustentável.
Nos Estados Unidos, essas oportunidades inspiraram a criação, em 2018, da Georgia Intellectual Property Alliance® (GIPA - Aliança de Propriedade Intelectual do estado de Geórgia). Nos dois anos seguintes, outras alianças da mesma natureza foram criadas em diversas regiões do país. Em 2020, essas entidades se uniram e formaram a United States Intellectual Property Alliance® (USIPA - Aliança de Propriedade Intelectual dos Estados Unidos). Criando pontes para suprir a brecha entre as alianças regionais, a USIPA desenvolve mais de 50 programas diferentes espalhados pelo país, congregando as iniciativas de diversos protagonistas do ecossistema, a fim de conscientizar a população sobre os direitos de PI. Isso inclui dialogar com grupos manifestamente sub-representados em termos de utilização do sistema, entre os quais as mulheres e os jovens.
O sucesso desse modelo motivou a criação de uma aliança internacional: a Global Intellectual Property Alliance (GLIPA). Fundada em outubro de 2022, a GLIPA definiu como missão construir um mundo em que o sistema de propriedade intelectual torne as pessoas capazes de melhorar seu dia a dia e criar um futuro mais próspero e sustentável. Essa visão será desenvolvida por meio de campanhas de conscientização e programas educativos sobre propriedade intelectual, com a colaboração de organizações de peso, tanto do setor público como do setor privado. Com essas iniciativas, a GLIPA assume o firme compromisso de promover a diversidade e a inclusão, de forma que o maior número possível de pessoas, em particular mulheres, tenham acesso às informações e aos conhecimentos de que precisam para participar plenamente do sistema de PI e potencializar o valor de seu trabalho.
Com o apoio da GLIPA, os membros da aliança trabalham de mãos dadas para reforçar o uso do sistema de propriedade intelectual como ferramenta para estimular a criatividade e promover a inovação e o empreendedorismo.
Apesar do importante trabalho desenvolvido por muitas organizações do setor de PI no plano local, nacional, regional e, em certos casos, internacional, os fundadores da GLIPA, em sua perspectiva de futuro, perceberam a necessidade de uma aliança mais abrangente, que fosse capaz de reunir a grande variedade de protagonistas dos setores público e privado que atuam em todos os segmentos da propriedade intelectual e em todos os níveis. Com o apoio da GLIPA, os membros da aliança (que incluem pessoas físicas e jurídicas) trabalham de mãos dadas para reforçar o uso do sistema de propriedade intelectual como ferramenta para estimular a criatividade e promover a inovação e o empreendedorismo.
A resposta sólida e positiva que a iniciativa recebeu mundialmente comprova a necessidade desse tipo de aliança. Em poucos meses, a GLIPA constituiu-se como uma entidade verdadeiramente internacional, reunindo 269 membros voluntários ativos, provenientes de 63 países. A GLIPA é formada por cinco grupos regionais que representam a África, a Ásia, a Europa, a América Latina e os Estados Unidos/Canadá. Como organização apolítica, a GLIPA não milita em favor da adoção de leis ou políticas, nem atua em nome de nenhum setor econômico ou industrial. A adesão à aliança é gratuita. A GLIPA teve o privilégio de assinar um Memorando de Entendimento com a Organização Mundial da Propriedade Intelectual com vistas à realização de atividades conjuntas, como seminários, eventos e cursos sobre PI, a fim de divulgar mais amplamente conhecimentos sobre a propriedade intelectual e incentivar o uso desse sistema.
Para a GLIPA, é uma imensa satisfação saber que a campanha do Dia Mundial da Propriedade Intelectual 2023 tem como foco a necessidade de proporcionar às mulheres mais conhecimentos sobre o sistema de PI. Portanto, a celebração deste ano é uma excelente oportunidade para valorizar a imensa contribuição feminina para os setores de inovação, criatividade e empreendedorismo. Constitui também uma ótima ocasião para redobrar os esforços no sentido de reduzir a desigualdade de gênero que ainda existe no sistema de propriedade intelectual, marcado pela presença visivelmente menor de mulheres. Por essa razão, a GLIPA vem participando ativamente da campanha deste ano e mobilizando sua vasta rede para amplificar a proposta de criação de mais oportunidades para que as mulheres utilizem e possam beneficiar-se do sistema de propriedade intelectual. Assim sendo, daremos início ao programa de atividades de 2023 com um prestigioso evento on-line que apresentará cinco bem-sucedidas mulheres que vêm abrindo caminho para a divulgação do sistema de PI em diversas regiões do planeta. Durante o debate, serão discutidos os desafios que essas mulheres tiveram que enfrentar ao lidar com o sistema de propriedade intelectual. A inspiradora história de vida dessas mulheres certamente servirá de incentivo para que outras pessoas descubram como a proteção da propriedade intelectual pode contribuir para que seus objetivos se realizem e, de forma geral, para dar impulso a iniciativas inovadoras e criativas.
Como organização recém-criada, a GLIPA definiu como prioridade para 2023 a ampliação de sua rede de membros, de forma a refletir todos os aspectos do ecossistema da propriedade intelectual e da inovação. Paralelamente, em cada região a GLIPA vem desenvolvendo – e em breve começará a implementar – estratégias para divulgar informações sobre PI, reforçar o ecossistema da PI e promover a diversidade e a inclusão. Ainda há muito trabalho pela frente, mas estamos prontos para o desafio. Se tiver interesse em fazer parte da GLIPA, visite o site da aliança e entre em contato conosco. Juntos, vamos levar adiante nosso objetivo de proporcionar maior bem-estar às pessoas nos quatro cantos do planeta, com o respaldo do sistema de propriedade intelectual.
A Revista da OMPI destina-se a contribuir para o aumento da compreensão do público da propriedade intelectual e do trabalho da OMPI; não é um documento oficial da OMPI. As designações utilizadas e a apresentação de material em toda esta publicação não implicam a expressão de qualquer opinião da parte da OMPI sobre o estatuto jurídico de qualquer país, território, ou área ou as suas autoridades, ou sobre a delimitação das suas fronteiras ou limites. Esta publicação não tem a intenção de refletir as opiniões dos Estados Membros ou da Secretaria da OMPI. A menção de companhias específicas ou de produtos de fabricantes não implica que sejam aprovados ou recomendados pela OMPI de preferência a outros de semelhante natureza que não são mencionados.