Raquel Serrano Lledó é cofundadora da FIIXIT Orthotic Lab, fabricante espanhola de talas ortopédicas produzidas com tecnologia de impressão 3D que se distinguem por serem personalizadas e confortáveis de usar. Criada no âmbito de um trabalho de conclusão de curso na universidade, a empresa de Serrano Lledó vem transformando o mercado de dispositivos ortopédicos com suas órteses impressas em 3D e outros dispositivos médicos, ajudando as pessoas a se recuperar mais rapidamente de traumas e fraturas.
As tecnologias de impressão 3D estão revolucionando o segmento de dispositivos ortopédicos. Graças às órteses produzidas em impressoras 3D, as pessoas que sofrem fraturas ósseas já não precisam suportar as coceiras, o desconforto e o estorvo das talas de gesso. A jovem empresária Raquel Serrano Lledó, cofundadora da FIIXIT Orthotic Lab, desenvolve talas impressas em 3D que permitem recuperar fraturas sem o desconforto e o incômodo das talas de gesso convencionais.
Serrano Lledó teve a ideia quando estava estudando desenho industrial na universidade. “A inspiração veio de repente, durante um jantar em um restaurante, quando vi uma criança coçando o interior de sua tala de gesso com uma faca”, contou a empresária em entrevista à emissora 101 Málaga TV.
Em 2015, depois de conversar sobre a ideia com um amigo, o especialista em ortopedia Antonio Padilla, Serrano Lledó comprou uma impressora 3D e, juntamente com Padilla, fundou a FIIXIT Orthotic Lab. “A tecnologia 3D viabiliza a criação de órteses à prova d’água, laváveis, leves e confortáveis para a reabilitação de fraturas”, explica.
As talas produzidas com impressão 3D pesam em torno de 100 gramas, sendo muito mais leves do que as talas de gesso convencionais. “Nossas talas impressas em 3D são usadas na recuperação de fraturas comuns em pernas, braços, mãos e dedos, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida dos pacientes”, diz Serrano Lledó. Além disso, segundo a empresária, as órteses da FIIXIT Orthotic Lab se adaptam à anatomia e patologia de cada pessoa. “Nossas talas também podem ser mergulhadas na água, de modo os pacientes podem usá-las quando vão à piscina ou à praia nas férias”, acrescenta ela.
Inspirando-se no lema de Serrano Lledó, “Vamos ajudar todos que precisam de ajuda”, a FIIXIT Orthotic Lab já atendeu milhares de pacientes e atualmente fornece suas órteses impressas em 3D para mais de 100 lojas de produtos ortopédicos. A empresa é a primeira fabricante espanhola a obter autorização para instalar pontos de impressão 3D em clínicas ortopédicas.
“Com a aprovação de um médico, o paciente se dirige à clínica ortopédica, onde o membro ou segmento a ser imobilizado é escaneado. A órtese é desenhada com base na imagem escaneada e em 48 horas a tala impressa em 3D está pronta para substituir a tala convencional”, diz Serrano Lledó.
As órteses 3D da empresa são produzidas com materiais biodegradáveis ou recicláveis. “Usamos três materiais: ácido polilático (PLA), que é um material facilmente imprimível e ambientalmente sustentável, derivado de vegetais como o milho, poliuretano termoplástico (TPU), que é um polipropileno versátil, leve, reciclável, com excelente resistência mecânica e química – propriedades que fazem dele um dos materiais mais usados na produção de órteses – e também poliuretano elastomérico termoplástico (TPE), que é um material mais rígido do que os filamentos flexíveis tradicionais, além de ser resistente a substâncias químicas, como ácidos e solventes”, explica ela.
Para otimizar os materiais usados em sua produção, as órteses da FIIXIT Orthotic Lab contêm padrões geométricos, que proporcionam maior área respirável à parte do corpo a ser imobilizada. “Nossas talas deixam a área da fratura desobstruída para a cicatrização de eventuais ferimentos, ao mesmo tempo que mantêm o membro imobilizado. Isso também permite um processo de reabilitação mais rápido do que o das talas de gesso”, observa Serrano Lledó.
Os preços das órteses da FIIXIT Orthotic Lab variam entre 100 e 250 euros. Atualmente, a empresa concentra sua atuação no mercado espanhol, mas Serrano Lledó espera expandir seus negócios para mercados estrangeiros em um futuro próximo.
Da pesquisa aos negócios
Depois de consultar alguns especialistas nas áreas de ortopedia e fisioterapia, Serrano Lledó participou de diversos programas de empreendedorismo e se associou a várias incubadoras de negócios para acelerar sua inovação e transformar suas ideias em realidade. “Para minha sorte, a minha cidade oferece muitas oportunidades para empreendedores, como a iniciativa Andalucía Open Future. O privilégio de vivenciar um ambiente de empreendedorismo me estimulou a transformar em negócio a ideia que eu tinha desenvolvido em meu projeto universitário,” disse ela à 101 TV Málaga.
Serrano Lledó obteve financiamento junto à Fundalogy, empresa criada pela Fundación Unicaja, para criar e desenvolver “um negócio que alguns anos antes era apenas um sonho”. Em 2016, ela conquistou o prêmio “M de Málaga”, concedido pelo Conselho Provincial de Málaga, e em 2019, foi agraciada com a Medalha de Mérito Civil por suas conquistas como mulher empreendedora e inovadora.
Aperfeiçoando as órteses impressas em 3D com pesquisa e desenvolvimento
A FIIXIT Orthotic Lab conta com uma licença de fabricação, emitida pela administração pública da Junta da Andaluzia, bem como uma licença de fabricação em série (CE), emitida pela Agência Espanhola de Medicamentos e Produtos Sanitários.
Para Serrano Lledó, os anos de experiência e conhecimentos especializados acumulados pela empresa constituem agora seus mais valiosos ativos de propriedade intelectual (PI). “Nossa maior preocupação é continuar aperfeiçoando nossos produtos com novas tecnologias. Precisamos conhecer a fundo o setor em que atuamos e investir cada vez mais em nossas atividades de pesquisa e desenvolvimento na área de ortopedia”, observa.
A FIIXIT Orthotic Lab detém alguns registros de marca para proteger sua marca no contexto da impressão 3D. A empresa também está em vias de obter uma patente. “Queremos patentear nossas órteses ST, que são talas 2D que se tornam tridimensionais ao serem aquecidas. Estamos no processo de patentear essa tecnologia e seu desenho”, diz ela.