Dezenas de trilhões de microorganismos residem no corpo humano e compõem o que é conhecido como o “microbioma humano.” Pensa-se que as doenças humanas tais como o diabetes, as doenças cardíacas, as desordens do espectro do autismo, bem como os distúrbios da ansiedade estão vinculadas ao microbioma. O biólogo indiano Piyush Bhanu acredita que o estudo dos micróbios pode mudar o futuro da saúde humana. Sua startup, Xome Life Sciences, está efetuando pesquisas genômicas e desenvolvendo tecnologia de microbioma que promete transformar os cuidados de saúde.
Ao longo da última década, os cientistas têm explorado o microbioma humano para entender melhor o papel que os micróbios desempenham na saúde e na doença humanas. Isto permitiu-lhes identificar comunidades distintas de micróbios em órgãos diferentes, entre os quais a boca, o nariz, o estômago, a pele e os órgãos de reprodução.
“Fiquei particularmente fascinado pelo fato de haver dez vezes mais células microbianas do que células humanas”, explica Bhanu, diretor executivo da Xome Life Sciences, que se apaixonou pela pesquisa sobre o microbioma durante seu mestrado em Biomedicina na Universidade de Salford, no Reino Unido.
Tendo reconhecido o potencial revolucionário da pesquisa sobre o microbioma para a saúde humana, em 2020, Bhanu decidiu criar a Xome Life Sciences Pvt. Ltd. e pôr em prática suas capacidades de pesquisa.
A Xome Life Sciences é uma das primeiras startups da Índia que lidam com todos os aspectos do microbioma. Pioneira neste campo, esta empresa trabalha com vista a desenvolver ferramentas de prognóstico, de diagnóstico e de terapias baseadas no microbioma, com a finalidade de oferecer aos consumidores uma vida mais saudável, podendo tomar decisões mais acertadas relativamente à respectiva saúde.
Aproveitando o poder da pesquisa nas áreas do genoma, do metabolismo e do microbioma, a Xome Life Sciences tem desenvolvido tecnologias de diagnóstico no local de atendimento, através de uma combinação de análises informáticas, de experimentos em laboratório e de estudos de sensibilidade. A empresa tem-se concentrado atualmente no desenvolvimento dessas soluções, com vista à triagem e ao monitoramento quantitativo da doença celíaca e à triagem e ao monitoramento da cárie dentária e da saúde bucal.
“Ao contrário dos testes laboratoriais habituais, os diagnósticos no local de atendimento requerem muito poucas amostras e fornecem resultados em apenas alguns minutos, oferecendo também uma significativa redução de custos. São extremamente úteis para o desenvolvimento de soluções de triagem em locais em que a infraestrutura de saúde não é bem desenvolvida”, explica Bhanu.
Embora Bhanu tenha publicado cerca de 15 artigos sobre pesquisa em periódicos revisados por pares, percebeu que poderia ampliar e aprimorar sua ambição (e sua paixão) com o objetivo de melhorar os cuidados de saúde, criando sua própria empresa de pesquisa na Índia e trabalhando com uma equipe mais numerosa de pesquisadores.
“O empreendedorismo é uma iniciativa que envolve riscos, mas apesar disto tenho apreciado muitíssimo todas as etapas deste percurso”, diz Bhanu. “A rede que tenho construído ao longo deste percurso é inestimável”, comenta, ao observar os benefícios que lhe proporcionou a vinculação com o conjunto de startups e com os profissionais da propriedade intelectual (PI) que lhe têm prestado auxílio ao longo de seu percurso em busca de inovação.
Com a orientação e o apoio clínico do Bangalore Bioinnovation Centre (BBC), a Xome Life Sciences está começando a trazer suas soluções clínicas para o mercado. “Quando regressei de Manchester, estava tão entusiasmado com o início da operação que nem sequer fui para casa: fui diretamente ao BBC para encontrar o Dr. Jitendra Kumar, Diretor Geral desse Centro”, diz Bhanu.
A Xome Life Sciences havia obtido uma subvenção de 10.000 libras (10 mil rupias) do governo indiano, com vista a realizar um protótipo e desenvolver seu primeiro produto, um kit de teste para detectar a doença celíaca e a intolerância ao glúten em pacientes e possibilitar intervenções de tratamento precoce.
“Dado que 1,4% da população geral sofre de doença celíaca e que 6% sofrem de intolerância ao glúten, nosso dispositivo pode ajudar os médicos a rastrear facilmente essas doenças”, explica Bhanu, acrescentando que “a empresa também tem desenvolvido outras soluções com vista ao tratamento dessas enfermidades”.
A empresa é apoiada pelo BIRAC (Biotechnology Industry Research Assistance Council – Conselho de Assistência à Pesquisa da Indústria de Biotecnologia), pelo BBC (Bangalore Bioinnovation Centre – Centro de Bioinovação de Bangalore), pelo Departmento de Ciência e Tecnologia (DST), pelo Governo da Índia (GdI) e pela Startup India.
Bhanu acredita que a PI é fundamental para que qualquer startup possa manter uma vantagem competitiva no mercado. “É como ter direitos legais sobre sua ideia e visão”, diz ele. “A propriedade intelectual traz-lhe a força para falar sobre suas ideias com várias pessoas sem nenhum receio. Traz-lhe também o impulso e a vantagem competitiva no mercado, no plano dos negócios e da ciência inovadora”, explica.
Desde jovem, Bhanu sempre se interessou pela PI e pela vantagem que oferece em termos de apoio e incentivo ao desenvolvimento de tecnologias inovadoras e a respectiva proteção, bem como por seu papel em facilitar a transferência de tecnologia. Atualmente, ele detém duas patentes e está em processo de depósito para uma terceira. “Entramos em contato com o Governo da Índia e com vários centros de bio-incubação, com vista a ajudar-nos a financiar o desenvolvimento e o depósito de PI da nossa tecnologia”, explica.
Além de proteger os desenvolvimentos técnicos inovadores de sua empresa, Bhanu também reconhece o valor de outros direitos da PI na construção da marca de sua empresa. “Não apenas patentes, mas também marcas registradas e direitos de autor são igualmente importantes quando você se encontra num percurso com vista a criar uma marca que construa confiança com os seus consumidores,” conclui.
A Xome Life Science está em discussões com as principais empresas de diagnósticos da Índia, com vista a instaurar parcerias estratégicas para o licenciamento de sua propriedade intelectual a uma base de usuários mais ampla e garantir a proteção de patentes em outras jurisdições.