Chidera Okolie cultiva sua criatividade desde a infância, quando mergulhou no mundo da literatura enquanto leitora, e até hoje, com a criação de suas próprias histórias. A advogada e escritora nigeriana é autora de dois livros: When Silence Becomes Too Loud (2014) e Not Forgiven (2017) – não traduzidos. Além de adorar escrever, Okolie incita ativamente os jovens escritores da Nigéria a realizarem o sonho de escrever, graças à iniciativa Idios Creatives, lançada por ela em 2018.
Foi ainda criança que Okolie começou a desenvolver sua criatividade. “Sempre fui muito expressiva”, diz a escritora, “mas houve momentos em que minha voz era inaudível, por isso a escrita foi a maneira que encontrei para dar vazão a minha expressividade”, lembra. À medida que sua paixão por contar histórias foi aumentando, Okolie começou a escrever contos. “Sempre que imaginava uma boa história, tomava nota no meu caderno e a lia depois.”
Fã de romances de crime e suspense, que considerava “estimulantes e emocionantes”, não foi uma surpresa quando ela se inspirou no gênero para redigir seus próprios textos. “Eu imagino inúmeras maneiras de fazer a história se desenrolar, me colocando na pele do personagem, o que facilita o trabalho na hora de passar a ideia para o papel”, explica. Ela se inspirou no gênero de crime e suspense para escrever dois livros: When Silence Becomes Too Loud (2014) e Not Forgiven (2017).
Okolie começou a escrever seu primeiro romance, When Silence Becomes Too Loud, em 2014, mas sua intenção era mostrá-lo somente para os parentes e amigos próximos. “Era uma atividade puramente pessoal”, explica. Mas seu pai insistiu para que ela publicasse o livro. “Hesitei em revelar aspectos tão íntimos de mim mesma e deixar que outras pessoas conhecessem minhas reflexões criativas mais profundas.”
Apesar do temor inicial, Okolie procurou uma editora, e o romance, lançado em 2014, superou todas as suas expectativas. “O livro foi amplamente aclamado em meu país e ganhou muita visibilidade. Ele chamou a atenção de um ex-presidente nigeriano, que disse se orgulhar de conhecer jovens que se esforçam em manter viva a criatividade nacional”, explica Okolie. Seu magnífico romance recebeu três prêmios, dentre os quais o Prêmio dos Escritores Nigerianos de 2016, na categoria Melhor Escritor(a) de Ficção do Ano, e uma indicação para o prêmio African Achievers.
Após o sucesso alcançado, Okolie publicou seu segundo livro, Not Forgiven (2017), uma coletânea de contos de suspense psicológico que, como o primeiro, foi bem recebido pelos críticos, o que contribuiu para que a escritora recebesse novamente o prêmio de Melhor Escritor(a) de Ficção do Ano, em 2017.
Quando você se expõe através da escrita, revela aos leitores um pouco da intimidade de seu espírito criativo.
Okolie planeja dar vida a sua obra literária por intermédio do cinema, preenchendo assim o fosso que separa a palavra escrita da narrativa visual. “Tenho certeza de que o filme pode ter um caráter, ao mesmo tempo, informativo e de entretenimento, além de tornar meu trabalho acessível a um público maior”, explica.
Além de autora de ficção, Okolie vem ampliando sua paleta de interesses, e hoje também redige material acadêmico. No âmbito de seu Mestrado de Direito em Tecnologia da Informação e Lei da Propriedade Intelectual, ela escreve artigos de atualidades em diversas revistas acadêmicas, como a publicação Journal of International Women's Studies (Revista de Estudos Internacionais sobre Mulheres) e Journal of Intellectual Property (Revista da Propriedade Intelectual). “Estou ampliando meu leque de atividades de escrita para além da ficção e, no momento, tenho me dedicado ao mundo acadêmico”, explica Okolie. No entanto, ela continua a se dedicar à escrita criativa e, atualmente, dá os retoques finais na trama de um novo livro.
Em janeiro de 2019, Okolie integrou a lista dos 100 Jovens Nigerianos Mais Influentes, publicada pela agência Avance Media. Ela também figura na Galeria do Dia Mundial da Propriedade Intelectual 2023.
Em 2018, Okolie criou a Idios Creatives, plataforma para jovens criativos desenvolverem e expressarem sua criatividade. “Com o projeto Idios Creatives, meu objetivo é proporcionar uma plataforma para a nova geração de escritores e escritoras poder manifestar seu poder criativo. É minha maneira de contribuir para o desenvolvimento da escrita e de outras habilidades criativas entre os jovens”, explica Okolie.
Para chamar a atenção dos jovens de toda a Nigéria, em 2018, Okolie criou o Prêmio Idios de Microficção e Micropoesia. A competição contou com a participação de mais de 300 escolares. “Visitamos escolas na Nigéria inteira para coletar textos curtos de jovens escritores e escritoras. No final, tínhamos cerca de 300 textos, e os 100 melhores foram selecionados para publicação. A competição ajudou a mostrar a profusão de talentos criativos existente na Nigéria”, observa Okolie.
Em novembro de 2018, Idios Creatives publicou The Future: A Collection of Short Stories and Poems by Children of Nigerian Schools (O Futuro: Uma Coletânea de Histórias e Poemas Curtos de Escolares Nigerianos - não traduzido), contendo os 100 melhores textos. Foram publicados cerca de mil exemplares do livro, muitos dos quais já foram distribuídos a escolas em toda a Nigéria. Agora, o objetivo de Okolie é distribuir o livro no exterior. “Quero ampliar a distribuição para além das fronteiras da Nigéria”, acrescenta.
Ao criar Idios Creatives, a maior esperança de Okolie é que “os jovens sejam estimulados a ler mais e desenvolver sua criatividade.” A autora também é uma defensora dos direitos de propriedade intelectual, e destaca a importância capital da PI para reconhecer, recompensar e prestar apoio aos criadores por seu trabalho.
“Graças à PI, você pode proteger sua obra criativa contra a exploração, a reprodução ilegal e o uso indevido. Além disso, garante a preservação de seus direitos patrimoniais, ou seja, a capacidade de gerar renda com sua obra, e seus direitos morais – dentre os quais o de ser creditado como criador –, e o direito de proteger a integridade da obra”, explica Okolie.
Embora a Nigéria tenha feito progressos em relação a estas questões, Okolie acredita que ainda há muito o que fazer para melhorar o panorama do direito de autor no país. “Faz muito tempo que a Nigéria sofre com a pirataria, mas, aos poucos, a situação tem melhorado. Estou convencida de que os direitos de PI cumprem um papel fundamental ao incentivar os artistas a protegerem sua obra e utilizá-la para gerar benefícios econômicos. Isto é particularmente importante quando a criatividade é a base para o desenvolvimento da carreira”, acrescenta.
Okolie é otimista em relação à cena criativa da Nigéria. “Enquanto nigeriana e criadora, o panorama criativo na Nigéria me enche de esperança. A cena criativa do país transformou-se num ecossistema perene e pujante. Atualmente, a indústria criativa nigeriana é uma das maiores do mundo, tem estabelecido várias colaborações internacionais e conquistado reconhecimento no exterior”, conta Okolie. “É sensacional assistir ao crescimento atual e ao potencial existente”, e acrescenta: “há inúmeras oportunidades para pessoas criativas na Nigéria atual, por isso, meu conselho para os jovens que aspiram às atividades criativas é que cultivem sua criatividade da melhor maneira possível. Façam disso sua prioridade.”