Jessica Morel, diretora de marketing, aplicações de produto, LexisNexis Intellectual Property Solutions
Liderando a busca por inovações sustentáveis com o mapeamento de patentes.
Em um mundo às voltas com mudanças climáticas, desigualdades sociais e desafios econômicos, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU servem como um farol para guiar nosso avanço rumo à sustentabilidade. Esses 17 objetivos visam a criação de um mundo mais igualitário e sustentável até 2030. Sua realização, porém, depende de mais do que simples boa vontade, exigindo inovações e soluções que possam ser colocadas em prática.
O termo “sustentabilidade” está na moda e vem sendo usado indiscriminadamente. Com o auxílio de sua equipe, Marco Richter, gerente global de sucesso do cliente da LexisNexis Intellectual Property Solutions, tem trabalhado para dotá-lo de um significado mais concreto. “Compreendemos a necessidade de investir em inovação, e nosso papel nisso, como organização, é dar mais clareza a essa inovação”, diz Richter. A visão de Richter e sua equipe diz respeito não apenas às tecnologias verdes do futuro, mas também a uma compreensão abrangente de como cada invenção patenteável pode contribuir para a concretização dos ODS.
Uma abordagem que promete redefinir a maneira como mensuramos, entendemos e promovemos a sustentabilidade em escala mundial.
Foi isso que levou a LexisNexis a desenvolver uma ferramenta de mapeamento de patentes que contribuem para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, um projeto que associa metadados de patentes aos ODS. A iniciativa deu origem a uma abordagem que promete redefinir a maneira como mensuramos, entendemos e promovemos a sustentabilidade em escala mundial. No cerne da iniciativa jaz a percepção da equipe comandada por Richter de que as patentes – frequentemente vistas como complexos e tediosos instrumentos jurídicos – podem constituir-se em ferramentas transformadoras na busca da humanidade por um futuro mais igualitário e sustentável.
A ideia de mapear patentes que contribuem para os ODS surgiu da preocupação da LexisNexis em fornecer fontes alternativas de dados para o setor financeiro. “Começamos a ver os fatores de governança ambiental, social e corporativa (ESG) e sustentabilidade como vetores para a identificação de padrões e estratégias relevantes, que poderiam orientar o potencial de investimentos futuros”, explica Richter. No entanto, sua equipe não demorou a perceber a falta de objetividade e uniformidade das atuais abordagens de ESG. Com efeito, suas pesquisas revelaram que os padrões de ESG são quase tão numerosos e variados quanto as agências de classificação de risco, o que levou à busca de um conjunto de princípios mais universalmente aplicáveis. “Precisávamos de uma autoridade que nos oferecesse diretrizes claras e mundialmente reconhecidas sobre o que é e o que não é sustentável”, diz William Mansfield, gerente de sucesso do cliente para os Estados Unidos, Europa, Oriente Médio e África da LexisNexis Intellectual Property Solutions.
A solução encontrada foram os ODS. “Encontramos nos ODS uma abordagem realmente robusta, extremamente clara e detalhada e cuja elaboração contou com a contribuição de países do mundo inteiro”, acrescenta Mansfield. “Os ODS que vemos hoje são o resultado de cerca de 50 anos de negociações”, observa ele, enfatizando a profundidade e complexidade da abordagem com a qual a equipe da LexisNexis optou por se alinhar. “Houve muitas discussões e alinhamentos para se chegar a uma definição de sustentabilidade, envolvendo não o ponto de vista de uma única pessoa ou de uma única cultura, mas de todos os países e organizações que fazem parte da ONU.”
O exercício de mapeamento foi uma tarefa hercúlea, exigindo extensivas atividades de pesquisa e desenvolvimento.
Ao associar os ODS à base de dados de patentes em que está lastreada sua solução analítica PatentSight e valer-se do Patent Asset Index, sua métrica de avaliação de qualidade de patentes, a LexisNexis pôde elaborar uma medida objetiva de inovação sustentável. As análises geradas pela ferramenta permitem às empresas monitorar seu avanço no desenvolvimento de tecnologias sustentáveis, mostrar seus esforços aos investidores e identificar possíveis parceiros e alvos de licenciamento.
O exercício de mapeamento foi uma tarefa hercúlea, exigindo extensivas atividades de pesquisa e desenvolvimento. “O desenvolvimento do mapeamento e a criação desse relatório foram tarefas descomunais”, diz Mansfield. “A equipe precisou analisar milhares de páginas de documentos e desenvolver estratégias de busca que possibilitassem capturar as patentes alinhadas com cada ODS, mas minimizando o excesso de ruído nos dados. Além das inúmeras revisões, testamos a ferramenta com nossos clientes e realizamos muitas rodadas de feedback para chegar à consistência e precisão de análise necessárias”, acrescenta.
Iniciado em 2020, o exercício de mapeamento tem implicações de longo alcance. “Começamos pelo setor financeiro, mas o fato é que há oportunidades muito mais amplas do que simplesmente oferecer elementos para a tomada de decisões de investimento mais assertivas”, observa Richter. Uma das contribuições mais significativas do mapeamento é o fato de seus resultados não serem influenciados por esforços publicitários e estratégias de “maquiagem verde” frequentemente associados a alegações corporativas de sustentabilidade. “As patentes são um retrato imparcial e objetivo dos esforços de inovação de uma empresa”, enfatiza Mansfield. Essa objetividade é fundamental para os investidores, consumidores e outros atores envolvidos que desejam tomar decisões qualificadas.
As patentes são um retrato imparcial e objetivo dos esforços de inovação de uma empresa.
Em julho de 2023, a LexisNexis divulgou seu primeiro relatório mundial relativo aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: Explorando o panorama mundial de inovação sustentável: as 100 melhores empresas e muito mais. Para explicar a motivação que levou à publicação de um relatório sobre inovação sustentável, Richter diz: “Sentimos a necessidade de que um número maior de pessoas, e não apenas ‘nossos clientes’, tivessem acesso às valiosas informações produzidas pela iniciativa de mapear patentes que contribuem para os ODS”. Referindo-se aos benefícios decorrentes dessa abordagem singular, Mansfield acrescenta: “Podemos usar os gráficos do PatentSight e o mapeamento para ver o que as pessoas estão fazendo direito e então comparar objetivamente duas empresas com um grau de imparcialidade que nenhum dos outros métodos disponíveis é capaz de atingir. Geramos uma visão muito mais clara e transparente das coisas”.
O relatório oferece novas perspectivas sobre dinâmicas regionais e de mercado que estão moldando estratégias sustentáveis de propriedade intelectual, análises setoriais detalhadas e exames minuciosos de ODS específicos, além de imagens gráficas que permitem visualizar o panorama de patentes que contribuem para os ODS. Também mostra como as empresas e entidades governamentais podem usar as análises de patentes para acelerar a inovação sustentável.
Ao refletir sobre a motivação de sua equipe na elaboração do relatório, Richter relembra uma fala do ex-secretário-geral da ONU Ban Ki-moon: “Precisamos ter várias maneiras de verificar e avaliar a situação de forma sistemática e científica. As informações e os dados podem desempenhar um papel crucial. Sem saber a extensão do nosso progresso, não temos como saber para onde estamos indo”.
Embora o objetivo primordial seja apresentar uma classificação dos líderes mundiais em inovação corporativa com base na solidez de seu portfólio de inovações sustentáveis, o relatório contém também seções com análises detalhadas de setores específicos, nos quais se observam tendências disruptivas no que tange a invenções relacionadas à sustentabilidade. Um desses setores é o automotivo, que nos últimos tempos, graças ao advento dos veículos elétricos, vem assistindo a uma onda de inovações sustentáveis.
As empresas de tecnologia podem usar a análise de patentes para avaliar seu potencial inovador e se estabelecer como líderes de mercado...
No mercado automotivo, a sustentabilidade de longo prazo de uma marca não é determinada exclusivamente por sua participação de mercado. As empresas de tecnologia podem usar a análise de patentes para avaliar seu potencial inovador e se estabelecer como líderes de mercado, influenciando de forma efetiva as decisões dos consumidores e se comunicando com todos os atores envolvidos em seus negócios e operações. Com a análise de patentes, as montadoras de automóveis podem demonstrar seu compromisso com o progresso sustentável por meio de investimentos em desenvolvimento tecnológico.
Na figura 1, que representa o número de patentes em um portfólio que contribuem para os ODS, o eixo horizontal corresponde ao tamanho do portfólio, ao passo que o vertical ilustra a qualidade média das patentes do portfólio, mensurada por nossa métrica de qualidade média das famílias de patentes protegidas, denominada “Impacto Competitivo”. Dona do portfólio mais abrangente e robusto, segundo o Índice de Ativos de Patente (representado pelo tamanho da bolha), a Toyota Motors é a líder em inovações sustentáveis no setor automotivo.
Curiosamente, embora pioneira em veículos elétricos, a Tesla não está na lista. Isso acontece basicamente porque, apesar de contribuir para a redução das emissões de carbono, uma parcela substancial das tecnologias usadas pela Tesla é obtida por meio de contratos de licenciamento. Por esse motivo, o portfólio da Tesla não contém patentes que contribuem para os ODS em número suficiente para ser incluído no relatório.
Além dessa análise, o relatório completo da LexisNexis inclui exames adicionais de tendências mundiais e uma sondagem aprofundada sobre o setor químico e de materiais.
Análise de inovações: mostrando o caminho para um futuro sustentável.
A pandemia de Covid-19 revelou as limitações de uma estratégia baseada apenas em mudanças comportamentais para que possamos alcançar os objetivos de sustentabilidade. “Precisamos depositar a parte mais substancial de nossas apostas na inovação para tentarmos atingir esses objetivos”, afirma Richter. A LexisNexis planeja atualizar e expandir seu relatório anualmente, incorporando mais fontes de dados e indicadores para produzir análises abrangentes. “Estabelecemos uma base excelente; agora precisamos permitir que o maior número possível de empresas faça uso dela corretamente”, diz Mansfield. É assim que a LexisNexis pretende ajudar a acelerar a implementação dos ODS até 2030, contribuindo para um futuro mais sustentável e próspero para todos.
Precisamos depositar a parte mais substancial de nossas apostas na inovação para tentarmos atingir esses objetivos.
A LexisNexis está em tratativas com grandes empresas, como Merck e Siemens, que já incluem as análises do PatentSight em seus relatórios anuais e em seus respectivos relatórios de sustentabilidade corporativa. Esses diálogos já trouxeram melhorias para o mapeamento. As conversas com a Merck, por exemplo, levaram à inclusão de uma tecnologia destinada a residências inteligentes, que inicialmente não tinha sido identificada na busca. “O mapeamento será constantemente atualizado e aprimorado, conforme for aumentando o número de clientes que fazem uso da ferramenta e estudam o resultado das análises”, acrescenta Mansfield. “Pretendemos colaborar com as empresas para aprofundar o entendimento e a utilização de nossas métricas. Isso deve auxiliar as empresas de auditoria a realizar auditagens mais efetivas e fortalecer a confiança dos executivos em tomar decisões qualificadas com base em nossos mapeamentos e relatórios abrangentes.”
A LexisNexis Intellectual Property Solutions estabeleceu um novo padrão na área de inovação sustentável. Ao mapear patentes que contribuem para os ODS, sua equipe criou uma abordagem robusta e objetiva que gera benefícios não apenas para as empresas e o mercado, mas para a sociedade como um todo. Com as empresas e os investidores cada vez mais empenhados em alinhar suas estratégias com os objetivos de sustentabilidade, o trabalho pioneiro da LexisNexis constitui, a um só tempo, uma excelente ferramenta e um testemunho do poder transformador da inovação.
Como parte de nosso esforço comum para atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável até 2030, a OMPI aproveitará o Dia Mundial da Propriedade Intelectual 2024 para examinar como a PI pode incentivar inovações sustentáveis que contribuem para a consecução dos ODS da ONU.
A Revista da OMPI destina-se a contribuir para o aumento da compreensão do público da propriedade intelectual e do trabalho da OMPI; não é um documento oficial da OMPI. As designações utilizadas e a apresentação de material em toda esta publicação não implicam a expressão de qualquer opinião da parte da OMPI sobre o estatuto jurídico de qualquer país, território, ou área ou as suas autoridades, ou sobre a delimitação das suas fronteiras ou limites. Esta publicação não tem a intenção de refletir as opiniões dos Estados Membros ou da Secretaria da OMPI. A menção de companhias específicas ou de produtos de fabricantes não implica que sejam aprovados ou recomendados pela OMPI de preferência a outros de semelhante natureza que não são mencionados.