Maria Fernanda Hurtado, diretora-executiva da Aliança Global para a Propriedade Intelectual (GLIPA), e Esteban Santamaría Hernandez, diretor do instituto mexicano CAIINNO e membro do conselho da GLIPA
Há apenas um ano, criamos a Aliança Global para a Propriedade Intelectual para construir um mundo no qual a PI permita que todos melhorem de vida e criem um futuro mais próspero e sustentável. Embora tenha sido formalmente constituída nos Estados Unidos, a GLIPA hoje trabalha na África, Ásia, América Latina e América do Norte. Nossa missão é atrair um número maior e mais diversificado de grupos de usuários para o sistema de propriedade intelectual. Por meio da educação e de programas de conscientização, bem como da colaboração de atores importantes do ecossistema da PI e da inovação, tentamos atrair novos usuários para o sistema de PI e dotá-los das habilidades e conhecimentos necessários para usar os direitos de PI e atingir suas metas empresariais.
Em 2023, com esses objetivos em mente, a GLIPA América Latina e o think tank mexicano CAIINNO passaram a trabalhar para entender melhor os níveis de participação feminina no sistema de PI, especificamente na área de patentes, no Brasil, Chile, Colômbia e México.
Nossa missão é atrair um número maior e mais diversificado de grupos de usuários para o sistema de propriedade intelectual.
A desigualdade de gênero no uso do sistema de PI não se restringe a um país ou região – é um fenômeno mundial. Um recente estudo realizado pela OMPI oferece uma comparação internacional da desigualdade de gênero no depósito de patentes no mundo inteiro entre 1999 e 2020 e revela que as mulheres participaram de apenas 23% do total de pedidos de patente depositados, representando 13% dos inventores listados no período. De acordo com o estudo, mantida a atual tendência, a paridade de gênero na atividade de patenteamento na América Latina só será alcançada em 2068, sete anos após a previsão atual para a paridade de gênero em termos globais, estimada para 2061.
Mantida a atual tendência, a paridade de gênero na atividade de patenteamento na América Latina só será alcançada em 2068.
No Brasil, Chile, Colômbia e México, o trabalho da GLIPA e do CAIINNO oferecem uma perspectiva mais clara sobre o papel da mulher no processo de invenção nesses países. Os dados também levam em conta os níveis regionais e comunitários.
Ano | % de patentes depositadas apenas por inventores do sexo masculino | % de patentes depositadas apenas por inventoras do sexo feminino | % de patentes depositadas por equipes mistas com pelo menos uma mulher e um homem |
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Brasil | |||
2017 | 82,0% | 7,2% | 10,8% |
2022 | 72,4% | 5,8% | 21,8% |
Chile | |||
2017 | 79,5% | 8,3% | 12,1% |
2022 | 67,3% | 7,4% | 25,3% |
Colômbia | |||
2017 | 63,6% | 10,5% | 25,9% |
2021 | 62,9% | 6,6% | 30,5% |
México | |||
2017 | 56,6% | 5,3% | 38,1% |
2022 | 44,9% | 5,4% | 49,7% |
Tabela 1: percentual de concessões de patentes por inventores, incluindo homens, mulheres e equipes mistas no Brasil, Chile, Colômbia e México.
A Tabela 1 mostra que, de 2017 a 2022, o uso do sistema de patentes por homens e o número já pequeno de inventoras que obtiveram patentes registrou queda no Brasil, Chile, Colômbia e México. É interessante observar, no entanto, que o percentual de patentes depositadas por equipes mistas mostra um aumento significativo na participação de mulheres. Embora essa tendência seja promissora, ainda se observa uma grande lacuna na participação feminina no sistema de patentes quando comparada à dos homens. Essa lacuna precisa ser reduzida.
O estudo da GLIPA/CAIINNO destaca quatro ações essenciais que ajudarão os países da América Latina a reduzir a disparidade de gênero na atividade de patenteamento:
Com a GLIPA comemorando seu primeiro aniversário, esperamos manter o vigor e os avanços que conquistamos ao derrubar barreiras de acesso à PI. No Dia Mundial da Propriedade Intelectual 2024, homenageamos inovadores, criadores e empreendedores de todo o mundo. E convidamos todas as pessoas interessadas a se juntar à nossa missão de reduzir a desigualdade de gênero na área da inovação e da PI para melhorar nossas chances de ter um futuro sustentável. Saiba mais sobre nosso movimento no site da GLIPA.
Juntos podemos desenvolver iniciativas para criar um sistema de PI mais inclusivo e diversificado, promovendo as inovações de que precisamos para construir nosso futuro comum.
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