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Colaborações comerciais lançam luz sobre a arte e a cultura dos Tlingit do Alasca

Maio de 2024

Anna Sinkevich, Divisão de Conhecimentos Tradicionais da OMPI

Artista premiado, James Johnson é um mestre do entalhe em madeira do clã Dakl’aweidi do povo Tlingit do Alasca. Em conversa com a Revista da OMPI, ele reflete sobre o resgate de tradições indígenas e sobre a experiência de trabalhar com marcas famosas, como Vans e Lib-Tech. Os desenhos de Johnson transformaram tênis e pranchas de snowboard em obras de arte da vida ao ar livre. Mas o artista também toma bastante cuidado para proteger suas obras e sua cultura.

James Johnson pinta uma prancha de snowboard personalizada, antes de colocar sua assinatura na peça produzida para a renomada marca esportiva Lib-Tech. (Foto: Ian Tetzner)

O que o levou a seguir a carreira de artista e entalhador?

Sempre tive a sensação de que o meu propósito na vida era me tornar artista e me encarregar da transmissão da cultura tlingit e de nossas tradições. Conforme fui aprendendo sobre as tradições e histórias do meu povo e me dei conta da ancestralidade da nossa arte, ficou claro para mim qual era o caminho a seguir. Hoje eu não me imagino fazendo outra coisa.

Quando você começou a aprender sobre a arte tlingit e quanto tempo levou para dominar suas técnicas?

Nossa arte é de difícil execução e exige muitos anos de aprendizado. Há muitas regras e princípios associados à criação da verdadeira arte tlingit. Minha jornada de aprendizado começou em 2008. O processo por meio do qual aprendemos a desenhar, que é a base da arte tlingit, chama-se formline. É algo que a pessoa precisa aprender antes de passar para o entalhe em madeira. Quanto maior o domínio da técnica de desenho, melhor será a técnica de entalhe. Depois de quase dez anos, tudo começou a se encaixar e eu finalmente atingi o nível que hoje caracteriza as minhas obras e faz com que elas sejam expostas em museus.

Quanto maior o domínio da técnica de desenho, melhor será a técnica de entalhe.

Além de dominar as técnicas de desenho e entalhe, você precisa ter uma profunda compreensão das histórias e do significado que há por trás daquilo que está criando. E isso leva tempo. Os artistas que eu admiro praticam essa arte há mais de 40 anos. Estão todos na casa dos 70 anos e, como eu, dedicaram suas vidas a essa arte.

Como você faz para transmitir seus conhecimentos e sua experiência para a próxima geração?

Em nossa cultura, durante milhares de anos os entalhadores aperfeiçoavam sua técnica por meio de um sistema de aprendizagem. Os mestres entalhadores ensinavam todas as histórias que acompanham a arte tlingit aos jovens de talento que se interessavam pelo entalhe em madeira. Os jovens aprendiam vendo e observando os mestres entalhadores trabalhar.

Hoje em dia, aprender a arte tlingit é um desafio enorme.

O problema é que o sistema entrou em colapso durante a colonização do Alasca, quando proibiram nosso povo de praticar a nossa cultura e as doenças eliminaram 75% da população original da costa oeste. Muitos entalhadores morreram antes de poder transmitir seus conhecimentos. É por esse motivo que aprender os fundamentos da arte tlingit tornou-se um desafio tão grande hoje em dia. Meu pai cresceu naquela época e quando eu contei que queria me tornar um artista tlingit, ele apoiou completamente a minha decisão e me estimulou muito a seguir essa carreira.

Atualmente eu ensino a técnica de entalhe em madeira e a arte tlingit no estado de Washington e na Escola de Entalhe em Madeira de Port Townsend, onde há uma lista de espera de interessados em nossas aulas. Pessoas do país inteiro vêm fazer o curso. Em Port Townsend, nós oferecemos duas bolsas de estudo por turma para artistas indígenas. E eu também ministro cursos no Alasca, no Sealaska Heritage Institute.

A Escola de Entalhe em Madeira de Port Townsend, onde há quatro anos Johnson ensina as técnicas tradicionais de entalhe em madeira do povo Tlingit, transmitindo seus conhecimentos e habilidades para novas gerações de entalhadores. (Foto: Escola de Entalhe em Madeira de Port Townsend)

Como você faz para proteger as suas obras?

Para proteger as obras de formline, os desenhos e as imagens das minhas obras, eu incluo avisos de direitos de autor no meu site. No caso de trabalhos comerciais, eu retenho a titularidade sobre os desenhos que desenvolvo. As empresas com que eu trabalho licenciam os meus desenhos por uma taxa e um período de tempo estabelecidos em contrato.

Embora a remuneração por minhas obras faça parte do meu trabalho como artista, há certos aspectos da arte tlingit que não devem ser comercializados. Os emblemas clânicos e outros elementos culturais, por exemplo, são sagrados para nós e são protegidos por nossos clãs. Não se destinam ao mercado, nem devem ser compartilhados. Nossos objetos cerimoniais sagrados incluem histórias e canções, chamados at.oow, que pertencem aos clãs. São usados apenas em ocasiões especiais, como nossas cerimônias de potlatch, chamadas ku.éex.

Parece haver então uma linha divisória bastante sutil a ser observada.

Atualmente, há uma distinção relativamente clara entre os elementos artísticos que podem ser objeto de uma produção em massa e aqueles que não comportam esse tipo de uso. Cabe ao artista traçar a devida linha divisória entre o que vai para fora da nossa cultura e o que devemos guardar para nós mesmos.

O que os desenhos tradicionais significam para você?

A arte é a nossa linguagem visual. Nossas histórias, as que não são escritas, são transmitidas oralmente de uma geração para a outra. A arte tlingit é um elemento fundamental do processo por meio do qual contamos a história da nossa história e de quem somos.

Eu pertenço ao clã Dakl’aweidi, que é um dos clãs da Baleia Assassina. Meus antepassados foram chefes dos Xutsnoowú kwaan, em Angoon, no Alasca. Quando comecei a trabalhar com arte, perguntei ao meu pai se a nossa linhagem familiar havia preservado alguma peça artística, mas infelizmente não havia mais nenhuma. Tantas coisas foram destruídas ou roubadas durante a colonização e muitos artefatos tradicionais se espalharam pelo mundo.

Por isso, a prática da arte tlingit implica para mim uma responsabilidade muito maior do que simplesmente tentar criar algo visualmente agradável. Minha ambição é recriar as peças tradicionais usadas por meus antepassados e resgatar a nossa cultura.

No caso de marcas de moda e outras empresas, como você decide com quem deseja trabalhar?

Eu pratico muitas atividades ao ar livre e adoro snowboarding, ciclismo de montanha e escaladas. Tenho a sorte de trabalhar com empresas que têm tudo a ver com o meu estilo de vida. Marcas como Vans, Volcom, Yeti, Lib-Tech e Smartwool compartilham dos meus valores e dos valores do povo Tlingit. Como artista tlingit, quero levar a nossa arte para novos lugares. Trabalhar com essas marcas me dá a oportunidade de fazer isso.

Vans x James Johnson, “Coleção Corvo” 2022. (Foto: Cortesia da Vans)

Alguma vez você se recusou a colaborar com uma marca?

Sim. Quando sou procurado por empresas que não compartilham dos meus valores, eu simplesmente digo: “Não, obrigado”. Não vou comprometer a integridade da arte tlingit, que constitui uma base tão sólida e data de milhares de anos atrás. Não tenho nenhum problema em dizer não para as pessoas quando nossos valores não estão alinhados. Todas as marcas com que eu trabalho respeitam a cultura e as tradições do povo Tlingit.

Que lições você tirou da experiência que teve com as marcas com as quais concordou em trabalhar?

A estética visual é um aspecto da nossa arte tradicional, mas seu significado subjacente é ainda mais importante, pois é ele que garante a continuidade das nossas histórias e tradições, de modo que eu aprendi que educação é fundamental. Quando assinei o meu contrato com a Smartwool, fiz uma apresentação sobre as artes, a cultura e as tradições do povo Tlingit para os funcionários da empresa, no intuito de ajudá-los a elaborar uma compreensão sólida do meu povo.

Faço questão de ajudar todas as empresas com que trabalho a ter uma compreensão da arte e cultura tlingit.

Quando uma marca faz algo que é ofensivo para os nossos valores, não acho que seja por maldade ou vingança ou qualquer coisa assim. Na maioria das vezes, eles simplesmente não sabem o que estão fazendo. É por esse motivo que eu faço questão de ajudar todas as empresas com que trabalho a compreender a arte e a cultura tlingit. É uma base importante para construir as relações orgânicas e saudáveis que eu estabeleço com as marcas com as quais trabalho.

Na sua colaboração com a Vans, você doou parte das receitas geradas para ajudar os jovens da sua comunidade. Por que isso é importante para você?

Para mim, quando eu colaboro com uma marca, doar parte do faturamento para a minha comunidade no Alasca é um pré-requisito, e ajudar a juventude indígena tem um significado enorme para mim. Junto com a Vans, nós criamos um programa de esportes na neve para jovens indígenas, para ensiná-los a esquiar e praticar o snowboard.

Fizemos o mesmo com a Lib-Tech. A prancha de snowboard que eu criei para eles chama-se Double Dip e, juntos, nós doamos uma parte do valor gerado pela venda de cada modelo da Double Deep para o Sealaska Heritage Institute, que está construindo um campus de artes na minha cidade natal para ensinar às pessoas os fundamentos da arte e do idioma do povo Tlingit.

Johnson com o filho Elias, que é sua maior inspiração. (Foto: Ian Tetzner)

Como artista indígena, o que torna uma colaboração exitosa?

É importante que as marcas confiem nos artistas indígenas e em suas habilidades e que os envolvam tanto quanto possível no processo, do início ao fim. A Vans me deu liberdade total em todos os estágios do processo de criação, e o desenho das peças corresponde integralmente à minha concepção original. Eles adoraram o resultado. E eu também.

Em uma colaboração, também é fundamental que a empresa seja justa com o artista, principalmente no que se refere à remuneração do seu trabalho, aos royalties que lhe são pagos. E isso inclui a doação de uma parte das receitas geradas para a comunidade.

Para uma colaboração dar certo, também é fundamental que a empresa seja justa com o artista, principalmente no que se refere à remuneração do seu trabalho, aos royalties que lhe são pagos. E isso inclui a doação de uma parte das receitas geradas para a comunidade, algo que realmente eleva o compromisso da marca com a nossa arte e a nossa cultura a um outro patamar.

Essas colaborações também dão aos artistas indígenas liberdade para criar esses objetos e dedicar suas vidas à sua arte.

Que conselho você daria para as empresas que desejam colaborar com artistas indígenas?

As empresas precisam ser receptivas e se dispor a escutar o que os artistas têm a dizer. Precisam estar dispostas a aprender e compreender adequadamente a cultura e as tradições que estão na base do trabalho desses artistas. É importante que elas honrem os artistas e lhes permitam expor sua cultura exatamente como eles acham que isso deve ser feito.

Slowtide x James Johnson, Coleção 2022. (Foto: Ian Tetzner)

E que conselho você daria para as comunidades e artistas indígenas que gostariam de colaborar com marcas de moda e outras empresas?

Criar uma única obra de arte envolve um grande esforço. Por isso eu procuro manter sempre a mente aberta, o ânimo positivo e ser realmente bom no que faço. Algumas pessoas se sentem atraídas por isso e por mim como artista. A Vans passou dois anos me seguindo na internet, observando como eu apresentava as minhas obras e a cultura tlingit para o mundo, antes de trabalhar comigo. No nosso contrato, eles pediram que eu fizesse uma curadoria das minhas contas no Instagram e no Facebook para divulgar a nossa coleção. Da mesma forma, firmei um contrato de patrocínio direto com a Smartwool que me permitiu representar a marca, cuidar da sua imagem e promover os nossos produtos.

Quando tem a oportunidade de apresentar a si mesmo e à sua cultura, você precisa ter a coragem de dizer “sim” e produzir resultados como um verdadeiro profissional. Mas você só chega lá depois de trabalhar com afinco por muitos anos. É dessa forma que você constrói uma base sólida para levar o seu trabalho para frente.

Ao seguir o meu próprio caminho e deixar o meu rastro, estou mostrando para as pessoas que tudo isso é possível.

Que conclusões você tirou do Diálogo de alto nível da OMPI sobre povos indígenas, expressões culturais tradicionais e moda?

Como eu, a maioria dos artistas e comunidades indígenas está extremamente focada em sua arte. A participação nesse evento da OMPI em Genebra realmente mudou a minha perspectiva. Conheci artistas indígenas do mundo inteiro. Apesar das diferenças em nossas culturas e tradições, nós vivenciamos os mesmos desafios diários para criar um futuro para as nossas culturas. Foi muito especial ver uma variedade tão ampla de artistas e comunidades trabalhando para estabelecer diretrizes que ajudem as futuras gerações a se orientar nessa nova área. Trata-se de um território inovador. Além disso, a comunicação com marcas de moda e a criação de espaços para o encontro entre artistas indígenas e marcas de moda é um passo importante que vai gerar ondas positivas.

Apresentação de Johnson no painel intitulado: Quando se criam sinergias: a abordagem colaborativa, no Diálogo de alto nível da OMPI sobre povos indígenas, expressões culturais tradicionais e moda, em novembro de 2023. (Foto: OMPI/Berrod)

Quais são os seus planos para o futuro?

Sou muito agradecido por todas as oportunidades que aparecem para mim ao longo do ano. Recentemente, assinei um contrato com uma empresa de Nova York para expor minhas obras em uma exposição com outros 50 artistas. A vernissage deve acontecer em agosto de 2024. Também tenho planos de continuar a trabalhar com marcas esportivas e museus. Tempo e energia são coisas muito preciosas, de modo que eu preciso concentrar meus esforços naquilo a que vou me dedicar no dia a dia do meu trabalho. Estou muito satisfeito por ter chegado a um ponto em que posso aceitar encomendas e criar peças de arte tlingit profissionalmente.

A Revista da OMPI destina-se a contribuir para o aumento da compreensão do público da propriedade intelectual e do trabalho da OMPI; não é um documento oficial da OMPI. As designações utilizadas e a apresentação de material em toda esta publicação não implicam a expressão de qualquer opinião da parte da OMPI sobre o estatuto jurídico de qualquer país, território, ou área ou as suas autoridades, ou sobre a delimitação das suas fronteiras ou limites. Esta publicação não tem a intenção de refletir as opiniões dos Estados Membros ou da Secretaria da OMPI. A menção de companhias específicas ou de produtos de fabricantes não implica que sejam aprovados ou recomendados pela OMPI de preferência a outros de semelhante natureza que não são mencionados.