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Como a medtech está atuando na prevenção do câncer em comunidades rurais de Camarões a preços acessíveis

Setembro de 2024

Catherine Jewell, ex-diretora da Divisão de Informação, OMPI

A GIC Space está usando tecnologia médica própria para preencher a lacuna sanitária em comunidades pobres de Camarões, seu país natal. No âmbito do Africa Innovators Network da Organização Mundial da Saúde, seu principal projeto, o Gic Med, oferece exames de rastreamento de câncer de mama e de colo do útero de fácil acesso e baratos para habitantes de comunidades rurais. O fundador e diretor, Conrad Tankou, fala à Revista da OMPI sobre o modelo GIC Med, por que a capacitação de enfermeiras e enfermeiros é tão importante e como a propriedade intelectual ajudou a empresa a melhorar o atendimento médico às mulheres.

Como o GIC Space está aprimorando a prevenção do câncer das mulheres em Camarões?

Conrad Tankou. (Foto: Xavier Messina)

O GIC Space foi criado em 2019, cerca de três anos depois de termos tido a ideia. A sigla significa Global Innovation and Creativity Space, ou Espaço Global de Inovação e Criatividade. Nosso objetivo é reunir pessoas de diversas áreas e com habilidades e experiências diferentes, que compartilhem de um mesmo compromisso em relação à inovação para fazer face a desafios sociais. Temos oito funcionários em tempo integral e cinco em tempo parcial.

Oferecemos serviços de prevenção do câncer de mama e de colo do útero a mulheres africanas, graças a nosso principal projeto, o GIC Med. Este projeto foi inspirado no meu trabalho em um hospital comunitário na zona rural de Camarões. Após diagnosticar um câncer de colo do útero avançado em uma paciente e encaminhá-la para tratamento com um especialista, percebi que pouquíssimas moradoras da zona rural faziam exames de rastreamento para detecção precoce de câncer. Eu precisava fazer algo a respeito.

Comecei organizando campanhas de rastreamento de câncer de colo do útero em parceria com outros médicos. Mas essa estratégia exigia um esforço muito grande dos profissionais, era inviável. Sempre gostei de tecnologia, por isso, reuni um pequeno grupo de amigos para desenvolver um aplicativo que aliviasse a carga de trabalho e facilitasse o processo. Percebemos, então, que o câncer de mama é mais frequente que o de colo do útero em Camarões, por isso começamos a pesquisar e desenvolver soluções com foco nessas duas patologias, de modo que pudéssemos ter um impacto maior.

Já examinamos mais de 15 mil mulheres. Atendemos até 250 mulheres por mês.

Acabamos desenvolvendo cinco novas tecnologias: um sistema de microscopia digital, um espéculo inteligente, um adaptador de biópsia por agulha fina, uma plataforma de telemedicina e uma plataforma de e-learning de fácil utilização para capacitar enfermeiras e enfermeiros, graças a simulações em 3D. Essas inovações favorecem a rapidez do rastreamento e do diagnóstico de câncer de colo do útero e de mama de pacientes que habitam regiões remotas. Trata-se de tecnologias confiáveis e fáceis de usar pelos profissionais de saúde das comunidades, além de serem econômicos e disponíveis localmente.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda um método de inspeção visual para o rastreamento do câncer de colo do útero nos países em desenvolvimento. Embora existam outros métodos de rastreamento disponíveis, como o diagnóstico patológico, o exame de Papanicolaou e a detecção do DNA-HPV, o método de inspeção visual é recomendado em áreas rurais porque seu custo é baixo e os consumíveis necessários são baratos.

Como você implementa o modelo GIC Med nas comunidades?

Descobrimos que a melhor maneira de implementar nossa abordagem era trabalhar com o sistema de saúde existente. Percebemos que, se quiséssemos atender todas as mulheres em todas as localidades, precisaríamos trabalhar com o centro de saúde de cada vilarejo. Nosso sucesso também dependia da capacitação dos enfermeiros e enfermeiras desses centros. Por isso, desenvolvemos nossa simulação em 3D e a plataforma de e-learning interativa e gamificada, que oferece aos profissionais de saúde uma opção de aprendizagem fácil e adaptada a seu contexto.

Ao fazer parcerias com centros de saúde já estabelecidos nas áreas rurais, também aumentamos os níveis de aceitação sociocultural de nossa tecnologia nessas comunidades. Essa abordagem também ajuda a aumentar a confiança das pacientes no nosso trabalho, uma vez que elas são atendidas em um ambiente familiar e por pessoas que elas conhecem.

Simulação e instruções interativas sobre como usar o espéculo inteligente, exibidas na plataforma de e-learning. (Foto: GICMED)

Como as mulheres das comunidades locais reagiram a sua inovação?

Até o momento, nossas tecnologias, especialmente o espéculo inteligente, têm sido muito bem aceitas. O espéculo convencional pode ser desconfortável e doloroso e, não raro, desencoraja as mulheres de fazerem o rastreamento. Nosso espéculo inteligente é a solução a esse problema. Ele funciona como um espéculo e um colposcópio e exibe uma imagem ampliada do cérvix numa tela. Adaptamos a tecnologia para que a imagem fosse exibida num smartphone, o que atraiu muitas mulheres da zona rural para o projeto. Curiosamente, elas queriam ver uma imagem do próprio cérvix, mas primeiro era preciso fazer um exame. Evidentemente, isso fez com que elas se sentissem mais empoderadas. Também trabalhamos muito para simplificar a tecnologia de modo que profissionais de saúde com pouca qualificação pudessem usá-la após um período mínimo de treinamento. Com isso, a aceitação também tem sido forte na comunidade de saúde.

Que tecnologia de tratamento você usa para prevenir e controlar o câncer de colo do útero?

A detecção precoce e o tratamento adequado podem prevenir o câncer do colo do útero. Usamos um dispositivo de ablação térmica portátil e operado por bateria para o tratamento. Estamos trabalhando com os fabricantes e esperamos fechar um acordo de parceria com eles. Até o momento, examinamos mais de 15 mil mulheres, graças a campanhas de prevenção. Atendemos até 250 mulheres por mês em parceria com centros de saúde locais. Além disso, organizamos campanhas de prevenção para fazer exames de rastreamento nas habitantes de determinada em localidade. Cada campanha dura entre três dias e uma semana, e atrai muitas pessoas: entre 150 e 250 mulheres por dia.

Quais são as taxas de câncer de colo do útero observadas?

A taxa de prevalência varia de 3% a 5%. À medida que aumentarmos a escala das nossas operações, poderemos coletar dados mais confiáveis sobre câncer nos países em desenvolvimento, o que ajudará a dar subsídios para a elaboração de melhores políticas sanitárias.

Felizmente, não expusemos nosso trabalho. Percebemos que nossa tecnologia era única e precisava de proteção, mas não sabíamos o que fazer.

Qual é seu modelo de negócio?

Encontrar o modelo de negócio certo foi um desafio, especialmente porque nosso foco são mulheres vulneráveis, de baixa renda e que vivem na zona rural. Resolvemos então fazer parcerias com centros de saúde, onde treinamos enfermeiras e enfermeiros e fornecemos as tecnologias e os consumíveis gratuitamente. Em troca, pedimos a eles que mobilizem as mulheres da comunidades onde atuam para que elas se submetam ao rastreamento por um preço módico. Essa iniciativa para baratear o exame, porém, não se aplica às cidades, onde a maioria das mulheres pode pagar ou tem planos de saúde que cobrem esses serviços. É assim que podemos baixar o preço para as habitantes da zona rural.

Quando você ouviu falar da propriedade intelectual pela primeira vez e por que ela é importante para sua empresa?

Quando começamos a trabalhar com inovação, não estávamos familiarizados com a propriedade intelectual. Felizmente, não expusemos nosso trabalho. Percebemos que nossa tecnologia era única e precisava de proteção, mas não sabíamos o que fazer. Tínhamos ouvido falar de casos em que as startups fracassaram porque suas ideias foram copiadas por empresas maiores. Por sorte, eu tinha um amigo advogado que era especializado em PI. Graças a ele, aprendi muito sobre propriedade intelectual, patentes e o Tratado de Cooperação em Matéria de Patentes, que facilita a proteção das invenções em vários países. Com a ajuda desse amigo, começamos a depositar pedidos de patentes, e isso nos motivou a desenvolver outras soluções inovadoras que então sabíamos como proteger. Rapidamente, começamos a apreciar o valor da PI na construção de nossa credibilidade no mercado.

Precisamos mudar a percepção de que os produtos importados são superiores aos produtos locais. A proteção da PI pode ajudar a aumentar a confiança das pessoas nas soluções locais.

Você é titular de quantas patentes?

Até agora, obtivemos quatro patentes e estamos aguardando o registro de mais uma.

Qual é a diferença entre a GIC Space e as outras incubadoras?

Em geral, os inventores chegam à incubadora com as ideias e são orientados sobre o desenvolvimento e a comercialização de suas invenções. Mas na GIC Space, oferecemos um espaço para que os inventores colaborem entre si e criem soluções juntos. Possibilitamos a inovação graças ao trabalho que desenvolvem em comum e a tudo que aprendem uns com os outros. Graças a essa abordagem, reunimos diversas habilidades e talentos para criar soluções viáveis enquanto empreendedores sociais, o que também nos torna mais eficientes.

Treinamento de enfermeiros e enfermeiras da linha de frente sobre como usar o adaptador de biópsia por agulha fina. (Foto: GICMED)

Como é ser um inovador num país em desenvolvimento?

Inovamos para solucionar problemas. Temos muitas oportunidades para oferecer soluções inovadoras nos países desenvolvimento. Por outro lado, pode ser muito difícil ter acesso a recursos e formar as equipes qualificadas de que precisamos para levar adianta nossas ideias. O maior obstáculo é que as soluções locais são dificilmente aceitas, mesmo quando adaptadas às condições da região. Precisamos mudar a percepção de que os produtos importados são superiores aos produtos locais. Nesse sentido, a proteção da PI pode ajudar a aumentar a confiança das pessoas nas soluções locais, especialmente quando estas são protegidas no exterior.

Se você divulgar sua invenção sem antes protegê-la, qualquer pessoa poderá explorá-la.

Que conselho você daria aos jovens inovadores e empreendedores de Camarões?

Os jovens inventores e empreendedores precisam agir e explorar todos os ângulos do problema que pretendem solucionar. Nunca pense em fazer menos do que tudo o que pode imaginar. E dê valor ao que você cria protegendo suas criações. Ao proteger sua invenção, você pode encontrar os parceiros certos para levá-la ao próximo nível. Você tem credibilidade, a partir daí, pode criar a rede de contatos certa para realmente ganhar escala.

Em que momento os inovadores devem levar suas ideias para o mercado?

Hoje em dia, os jovens tendem a se deixar levar pelo sonho de virar um herói das redes sociais e têm pressa de revelar o que estão fazendo. Mas, se você divulgar sua invenção sem antes protegê-la, qualquer pessoa poderá explorá-la. A pressa para entrar no mercado também pode impedir que faça todos os ajustes e aprimoramentos necessários, o que é uma etapa inevitável no processo de inovação.

Educar os jovens sobre PI os ajudará a tomar as decisões corretas à medida que avançam em seus projetos.

Qual é a importância da PI para a GIC Med?

A PI é importante porque queremos ganhar escala na nossa tecnologia e garantir que ela chegue a todos os países da África Subsaariana onde seja necessária. Queremos tirar proveito das nossas soluções para criar mais impacto, e a PI nos ajuda nessa empreitada. A titularidade de nossa propriedade intelectual nos dá maior controle sobre nossa estratégica, sobre como aumentamos a escala e com quem fazemos parcerias.

Mas o sistema de PI precisa ser mais acessível. Isso é fundamental para que os jovens possam se informar sozinhos sobre propriedade intelectual e entendam como ela pode favorecer suas ambições. Também é importante que os institutos de PI facilitem a proteção das inovações dos jovens. A situação vem melhorando, mas ainda há muito o que fazer para tornar o sistema mais acessível.

É difícil quando você está começando e precisa de US$ 1.000 para construir seu primeiro protótipo e mais US$ 1.000 para depositar o pedido de patente. Educar jovens inventores e empreendedores sobre PI e fornecer a eles as informações necessárias para entender o sistema de PI, além de facilitar a proteção de suas invenções, os ajudará tomar as decisões certas sobre a propriedade intelectual à medida que avançam.

Plataforma de patologia digital. (Foto: GICMED)

Como a OMPI pode prestar apoio aos jovens inovadores e empreendedores?

A OMPI tem um papel fundamental a desempenhar e já vem fazendo um excelente trabalho para inspirar jovens inovadores. O compromisso da OMPI com os jovens oferece oportunidades valiosas para que a Organização amplie ainda mais sua influência, especialmente em regiões onde os níveis de conscientização sobre PI são baixos. O desafio consiste em tornar a PI atraente para os jovens. Isso requer um engajamento criativo, para que eles realmente entendam o que podem ganhar com a PI e como o uso do sistema de PI pode ajudá-los a avançar para alcançar seus próprios objetivos.

Você já pensou em integrar a IA à sua tecnologia?

Essa será a próxima etapa. Quando ganharmos escala em nossas soluções e tivermos reunido dados suficientes, poderemos criar um sistema de diagnóstico com IA para otimizar nossas soluções e ajudar os patologistas a lidar com o grande número de casos que devem tratar, melhorando os fluxos de trabalho.

Quais são seus planos para o futuro?

Nossa prioridade é ganhar escala em nossas inovações por meio de parcerias a fim de aumentar nosso impacto social, combatendo o câncer de mama e o de colo do útero nas comunidades rurais. Também queremos usar os dados que coletamos nesse processo para influenciar políticas públicas e promover o acesso universal a um atendimento médico de qualidade. Além disso, planejamos usar nossa tecnologia para combater outras doenças, como o câncer de próstata.

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A Revista da OMPI destina-se a contribuir para o aumento da compreensão do público da propriedade intelectual e do trabalho da OMPI; não é um documento oficial da OMPI. As designações utilizadas e a apresentação de material em toda esta publicação não implicam a expressão de qualquer opinião da parte da OMPI sobre o estatuto jurídico de qualquer país, território, ou área ou as suas autoridades, ou sobre a delimitação das suas fronteiras ou limites. Esta publicação não tem a intenção de refletir as opiniões dos Estados Membros ou da Secretaria da OMPI. A menção de companhias específicas ou de produtos de fabricantes não implica que sejam aprovados ou recomendados pela OMPI de preferência a outros de semelhante natureza que não são mencionados.