About Intellectual Property IP Training Respect for IP IP Outreach IP for… IP and... IP in... Patent & Technology Information Trademark Information Industrial Design Information Geographical Indication Information Plant Variety Information (UPOV) IP Laws, Treaties & Judgments IP Resources IP Reports Patent Protection Trademark Protection Industrial Design Protection Geographical Indication Protection Plant Variety Protection (UPOV) IP Dispute Resolution IP Office Business Solutions Paying for IP Services Negotiation & Decision-Making Development Cooperation Innovation Support Public-Private Partnerships AI Tools & Services The Organization Working with WIPO Accountability Patents Trademarks Industrial Designs Geographical Indications Copyright Trade Secrets WIPO Academy Workshops & Seminars IP Enforcement WIPO ALERT Raising Awareness World IP Day WIPO Magazine Case Studies & Success Stories IP News WIPO Awards Business Universities Indigenous Peoples Judiciaries Genetic Resources, Traditional Knowledge and Traditional Cultural Expressions Economics Finance Intangible Assets Gender Equality Global Health Climate Change Competition Policy Sustainable Development Goals Frontier Technologies Mobile Applications Sports Tourism PATENTSCOPE Patent Analytics International Patent Classification ARDI – Research for Innovation ASPI – Specialized Patent Information Global Brand Database Madrid Monitor Article 6ter Express Database Nice Classification Vienna Classification Global Design Database International Designs Bulletin Hague Express Database Locarno Classification Lisbon Express Database Global Brand Database for GIs PLUTO Plant Variety Database GENIE Database WIPO-Administered Treaties WIPO Lex - IP Laws, Treaties & Judgments WIPO Standards IP Statistics WIPO Pearl (Terminology) WIPO Publications Country IP Profiles WIPO Knowledge Center WIPO Technology Trends Global Innovation Index World Intellectual Property Report PCT – The International Patent System ePCT Budapest – The International Microorganism Deposit System Madrid – The International Trademark System eMadrid Article 6ter (armorial bearings, flags, state emblems) Hague – The International Design System eHague Lisbon – The International System of Appellations of Origin and Geographical Indications eLisbon UPOV PRISMA UPOV e-PVP Administration UPOV e-PVP DUS Exchange Mediation Arbitration Expert Determination Domain Name Disputes Centralized Access to Search and Examination (CASE) Digital Access Service (DAS) WIPO Pay Current Account at WIPO WIPO Assemblies Standing Committees Calendar of Meetings WIPO Webcast WIPO Official Documents Development Agenda Technical Assistance IP Training Institutions COVID-19 Support National IP Strategies Policy & Legislative Advice Cooperation Hub Technology and Innovation Support Centers (TISC) Technology Transfer Inventor Assistance Program WIPO GREEN WIPO's Pat-INFORMED Accessible Books Consortium WIPO for Creators WIPO Translate Speech-to-Text Classification Assistant Member States Observers Director General Activities by Unit External Offices Job Vacancies Procurement Results & Budget Financial Reporting Oversight
Arabic English Spanish French Russian Chinese
Laws Treaties Judgments Browse By Jurisdiction

Law No. 3 of January 13, 1999 (Internal Organization of Judicial Courts), Portugal

Back
Latest Version in WIPO Lex
Details Details Year of Version 1999 Dates Published: January 13, 1999 Promulgated: January 5, 1999 Type of Text Framework Laws Subject Matter Enforcement of IP and Related Laws, Other

Available Materials

Main Text(s) Related Text(s)
Main text(s) Main text(s) Portuguese Lei n.° 3, de 13 de Janeiro (Organização e Funcionamento dos Tribunais Judiciais)        
 
Download PDF open_in_new


208 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 10 — 13-1-1999

Artigo 39.o

Identificação do autor do escrito

1 — Instaurado o procedimento criminal, se o autor do escrito ou imagem for desconhecido, o Ministério Público ordena a notificação do director para, no prazo de cinco dias, declarar no inquérito qual a identidade do autor do escrito ou imagem.

2 — Se o notificado nada disser, incorre no crime de desobediência qualificada e, se declarar falsamente desconhecer a identidade ou indicar como autor do escrito ou imagem quem se provar que o não foi, incorre nas penas previstas no n.o 1 do artigo 360.o do Código Penal, sem prejuízo de procedimento por denúncia caluniosa.

Artigo 40.o

Norma revogatória

São revogados:

a) O Decreto-Lei n.o 85-C/75, de 26 de Fevereiro; b) O Decreto-Lei n.o 181/76, de 9 de Março; c) O Decreto-Lei n.o 645/76, de 30 de Julho; d) O Decreto-Lei n.o 377/88, de 24 de Outubro; e) A Lei n.o 15/95, de 25 de Maio; f) A Lei n.o 8/96, de 14 de Março.

Aprovada em 17 de Dezembro de 1998.

O Presidente da Assembleia da República, António de Almeida Santos.

Promulgada em 5 de Janeiro de 1999.

Publique-se.

O Presidente da República, JORGE SAMPAIO.

Referendada em 6 de Janeiro de 1999.

O Primeiro-Ministro, António Manuel de Oliveira Guterres.

Lei n.o 3/99

de 13 de Janeiro

Aprova a Lei de Organização e Funcionamento dos Tribunais Judiciais (altera a Lei n.o 38/87, de 23 de Dezembro)

A Assembleia da República decreta, nos termos da alínea c) do artigo 161.o da Constituição, para valer como lei geral da República, o seguinte:

CAPÍTULO I

Disposições gerais

Artigo 1.o

Definição

Os tribunais judiciais são órgãos de soberania com competência para administrar a justiça em nome do povo.

Artigo 2.o

Função jurisdicional

Incumbe aos tribunais judiciais assegurar a defesa dos direitos e interesses legalmente protegidos, reprimir a violação da legalidade democrática e dirimir os conflitos de interesses públicos e privados.

Artigo 3.o

Independência dos tribunais

Os tribunais judiciais são independentes e apenas estão sujeitos à lei.

Artigo 4.o

Independência dos juízes

1 — Os juízes julgam apenas segundo a Constituição e a lei.

2 — A independência dos juízes é assegurada pela existência de um órgão privativo de gestão e disciplina da magistratura judicial, pela inamovibilidade e pela não sujeição a quaisquer ordens ou instruções, salvo o dever de acatamento das decisões proferidas em via de recurso por tribunais superiores.

3 — Os juízes não podem ser responsabilizados pelas suas decisões, salvo as excepções consignadas na lei.

Artigo 5.o

Autonomia do Ministério Público

1 — O Ministério Público é o órgão encarregado de, nos tribunais judiciais, representar o Estado, exercer a acção penal e defender a legalidade democrática e os interesses que a lei determinar.

2 — O Ministério Público goza de autonomia, nos termos da lei.

3 — A autonomia do Ministério Público caracteri- za-se pela sua vinculação a critérios de legalidade e objectividade e pela exclusiva sujeição dos magistrados e agentes do Ministério Público às directivas, ordens e instruções previstas na lei.

Artigo 6.o

Advogados

1 — Os advogados participam na administração da justiça, competindo-lhes, de forma exclusiva e com as excepções previstas na lei, exercer o patrocínio das partes.

2 — No exercício da sua actividade, os advogados gozam de discricionariedade técnica e encontram-se apenas vinculados a critérios de legalidade e às regras deontológicas próprias da profissão.

Artigo 7.o

Tutela jurisdicional

1 — A todos é assegurado o acesso aos tribunais judi- ciais para defesa dos seus direitos e interesses legalmente protegidos, não podendo a justiça ser denegada por insu- ficiência de meios económicos.

2 — Lei própria regula o acesso aos tribunais judiciais em caso de insuficiência de meios económicos.

209N.o 10 — 13-1-1999 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A

Artigo 8.o

Decisões dos tribunais

1 — As decisões dos tribunais judiciais são obriga- tórias para todas as entidades públicas e privadas e pre- valecem sobre as de quaisquer outras autoridades.

2 — A lei regula os termos da execução das decisões dos tribunais judiciais relativamente a qualquer auto- ridade e determina as sanções a aplicar aos responsáveis pela sua inexecução.

Artigo 9.o

Audiências

As audiências dos tribunais judiciais são públicas, salvo quando o próprio tribunal, em despacho funda- mentado, decidir o contrário, para salvaguarda da dig- nidade das pessoas e da moral pública ou para garantir o seu normal funcionamento.

Artigo 10.o

Funcionamento dos tribunais

1 — As audiências e sessões dos tribunais judiciais decorrem, em regra, na respectiva sede.

2 — Quando o interesse da justiça ou outras circuns- tâncias ponderosas o justifiquem, os tribunais judiciais podem reunir em local diferente na respectiva circuns- crição ou fora desta.

Artigo 11.o

Ano judicial

1 — O ano judicial corresponde ao ano civil. 2 — A abertura do ano judicial é assinalada pela rea-

lização de uma sessão solene, onde usam da palavra, de pleno direito, o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, o Procurador-Geral da República e o bastonário da Ordem dos Advogados.

Artigo 12.o

Férias judiciais

As férias judiciais decorrem de 22 de Dezembro a 3 de Janeiro, do domingo de Ramos à segunda-feira de Páscoa e de 16 de Julho a 14 de Setembro.

Artigo 13.o

Coadjuvação

1 — No exercício das suas funções, os tribunais judi- ciais têm direito à coadjuvação das autoridades.

2 — O disposto no número anterior abrange, sempre que necessário, a guarda das instalações e a manutenção da ordem pelas forças de segurança.

Artigo 14.o

Assessores

1 — O Supremo Tribunal de Justiça e os tribunais da Relação dispõem de assessores que coadjuvam os magistrados judiciais e os magistrados do Ministério Público.

2 — Haverá também assessores nos tribunais judiciais de 1.a instância, quando o volume ou a complexidade do serviço o justifiquem.

CAPÍTULO II

Organização e competência dos tribunais judiciais

SECÇÃO I

Organização judiciária

Artigo 15.o

Divisão judiciária

1 — O território divide-se em distritos judiciais, cír- culos judiciais e comarcas.

2 — Pode proceder-se, por portaria do Ministro da Justiça, ao desdobramento de circunscrições ou à agre- gação de comarcas, ouvidos o Conselho Superior da Magistratura, a Procuradoria-Geral da República e a Ordem dos Advogados.

3 — Em caso de desdobramento de circunscrições, o serviço é distribuído entre os vários tribunais segundo a área territorial atribuída a cada um, sem prejuízo da prática de actos e da realização de diligências em toda a circunscrição.

Artigo 16.o

Categorias dos tribunais

1 — Há tribunais judiciais de 1.a e de 2.a instâncias e o Supremo Tribunal de Justiça.

2 — Os tribunais judiciais de 2.a instância denomi- nam-se tribunais da Relação e designam-se pelo nome da sede do município em que se encontrem instalados.

3 — Os tribunais judiciais de 1.a instância são, em regra, os tribunais de comarca, aplicando-se à sua desig- nação o disposto no número anterior.

4 — Os tribunais judiciais de 1.a instância são tribu- nais de primeiro acesso e de acesso final, de acordo com a natureza, complexidade e volume de serviço, sendo a sua classificação feita mediante portaria do Ministro da Justiça, ouvidos o Conselho Superior da Magistratura, a Procuradoria-Geral da República e a Ordem dos Advogados.

5 — O disposto no número anterior não obsta a que no mesmo tribunal possa haver juízos classificados de primeiro acesso e de acesso final.

SECÇÃO II

Competência

Artigo 17.o

Extensão e limites da competência

1 — Na ordem interna, a competência reparte-se pelos tribunais judiciais segundo a matéria, a hierarquia, o valor e o território.

2 — A lei de processo fixa os factores de que depende a competência internacional dos tribunais judiciais.

Artigo 18.o

Competência em razão da matéria

1 — São da competência dos tribunais judiciais as cau- sas que não sejam atribuídas a outra ordem jurisdicional.

210 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 10 — 13-1-1999

2 — O presente diploma determina a competência em razão da matéria entre os tribunais judiciais, estabe- lecendo as causas que competem aos tribunais de com- petência específica.

Artigo 19.o

Competência em razão da hierarquia

1 — Os tribunais judiciais encontram-se hierarquiza- dos para efeito de recurso das suas decisões.

2 — Em regra, o Supremo Tribunal de Justiça conhece, em recurso, das causas cujo valor exceda a alçada dos tribunais da Relação e estes das causas cujo valor exceda a alçada dos tribunais judiciais de 1.a ins- tância.

3 — Em matéria criminal, a competência é definida na respectiva lei de processo.

Artigo 20.o

Competência em razão de valor

A lei de processo determina o tribunal em que a acção deve ser instaurada em face do valor da causa.

Artigo 21.o

Competência territorial

1 — O Supremo Tribunal de Justiça tem competência em todo o território, os tribunais da Relação, no res- pectivo distrito judicial, e os tribunais judiciais de 1.a ins- tância, na área das respectivas circunscrições.

2 — Havendo no distrito judicial mais de um tribunal da Relação é aplicável o disposto no n.o 3 do artigo 15.o

3 — A lei de processo indica os factores que deter- minam, em cada caso, o tribunal territorialmente com- petente.

Artigo 22.o

Lei reguladora da competência

1 — A competência fixa-se no momento em que a acção se propõe, sendo irrelevantes as modificações de facto que ocorram posteriormente.

2 — São igualmente irrelevantes as modificações de direito, excepto se for suprimido o órgão a que a causa estava afecta ou lhe for atribuída competência de que inicialmente carecesse para o conhecimento da causa.

Artigo 23.o

Proibição de desaforamento

Nenhuma causa pode ser deslocada do tribunal com- petente para outro, a não ser nos casos especialmente previstos na lei.

Artigo 24.o

Alçadas

1 — Em matéria cível a alçada dos tribunais da Rela- ção é de 3 000 000$ e a dos tribunais de 1.a instância é de 750 000$.

2 — Em matéria criminal não há alçada, sem prejuízo das disposições processuais relativas à admissibilidade de recurso.

3 — A admissibilidade dos recursos por efeito das alçadas é regulada pela lei em vigor ao tempo em que foi instaurada a acção.

CAPÍTULO III

Supremo Tribunal de Justiça

SECÇÃO I

Disposições gerais

Artigo 25.o

Definição e sede

1 — O Supremo Tribunal de Justiça é o órgão supe- rior da hierarquia dos tribunais judiciais, sem prejuízo da competência própria do Tribunal Constitucional.

2 — O Supremo Tribunal de Justiça tem sede em Lisboa.

Artigo 26.o

Poderes de cognição

Fora dos casos previstos na lei, o Supremo Tribunal de Justiça apenas conhece de matéria de direito.

SECÇÃO II

Organização e funcionamento

Artigo 27.o

Organização

1 — O Supremo Tribunal de Justiça compreende sec- ções em matéria cível, em matéria penal e em matéria social.

2 — No Supremo Tribunal de Justiça há ainda uma secção para julgamento dos recursos das deliberações do Conselho Superior da Magistratura, constituída pelo mais antigo dos seus vice-presidentes, que tem voto de qualidade, e por um juiz de cada secção, anual e suces- sivamente designado, tendo em conta a respectiva antiguidade.

Artigo 28.o

Funcionamento

1 — O Supremo Tribunal de Justiça funciona, sob a direcção de um Presidente, em plenário do Tribunal, em pleno das secções especializadas e por secções.

2 — O plenário do Tribunal é constituído por todos os juízes que compõem as secções e só pode funcionar com a presença de, pelo menos, três quartos dos juízes em exercício.

3 — Ao pleno das secções especializadas ou das res- pectivas secções conjuntas é aplicável, com as neces- sárias adaptações, o disposto no número anterior.

4 — Os juízes tomam assento alternadamente à direita e à esquerda do Presidente, segundo a ordem de antiguidade.

Artigo 29.o

Preenchimento das secções

1 — O Conselho Superior da Magistratura fixa, sem- pre que o julgar conveniente, sob proposta do Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, o número de juízes que compõem cada secção.

2 — Cabe ao Presidente do Supremo Tribunal de Jus- tiça distribuir os juízes pelas secções, tomando suces- sivamente em conta o seu grau de especialização, a con- veniência do serviço e a preferência manifestada.

211N.o 10 — 13-1-1999 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A

3 — O Presidente do Supremo Tribunal de Justiça pode autorizar a mudança de secção ou a permuta entre juízes de secções diferentes, com observância do dis- posto no número anterior.

4 — Quando o relator mudar de secção, mantém-se a sua competência e a dos seus adjuntos que tenham tido visto para julgamento.

Artigo 30.o

Sessões

As sessões têm lugar segundo agenda, devendo a data e hora das audiências constar de tabela afixada, com antecedência, no átrio do Tribunal.

Artigo 31.o

Conferência

Na conferência participam os juízes que nela devam intervir.

Artigo 32.o

Turnos

1 — No Supremo Tribunal de Justiça organizam-se turnos para o serviço urgente durante as férias judiciais ou quando o serviço o justifique.

2 — Os turnos são organizados, respectivamente, pelo Presidente do Supremo Tribunal de Justiça e pelo Pro- curador-Geral da República, com prévia audição dos magistrados e, sempre que possível, com a antecedência de 60 dias.

SECÇÃO III

Competência

Artigo 33.o

Competência do plenário

Compete ao Supremo Tribunal de Justiça, funcio- nando em plenário:

a) Julgar os recursos de decisões proferidas pelo pleno das secções criminais;

b) Conhecer dos conflitos de competência entre os plenos das secções e entre secções;

c) Exercer as demais competências conferidas por lei.

Artigo 34.o

Especialização das secções

As secções cíveis julgam as causas que não estejam atribuídas a outras secções, as secções criminais julgam as causas de natureza penal e as secções sociais julgam as causas referidas no artigo 85.o

Artigo 35.o

Competências do pleno das secções

1 — Compete ao pleno das secções, segundo a sua especialização:

a) Julgar o Presidente da República, o Presidente da Assembleia da República e o Primeiro-Mi- nistro pelos crimes praticados no exercício das suas funções;

b) Julgar os recursos de decisões proferidas em primeira instância pelas secções;

c) Uniformizar a jurisprudência, nos termos da lei de processo.

2 — Compete ainda ao pleno das respectivas secções conjuntas, se a matéria do conflito respeitar à espe- cialização de mais de uma secção, conhecer dos conflitos de competência entre os tribunais da Relação, entre estes e os tribunais de 1.a instância e entre tribunais de 1.a instância de diferentes distritos judiciais ou sedia- dos na área de diferentes tribunais da Relação.

Artigo 36.o

Competência das secções

Compete às secções, segundo a sua especialização:

a) Julgar os recursos que não sejam da compe- tência do pleno das secções especializadas;

b) Julgar processos por crimes cometidos por juízes do Supremo Tribunal de Justiça e dos tribunais da Relação e magistrados do Ministério Público que exerçam funções junto destes tribunais, ou equiparados, e recursos em matéria contra-or- denacional a eles respeitantes;

c) Julgar as acções propostas contra juízes do Supremo Tribunal de Justiça e dos tribunais da Relação e magistrados do Ministério Público que exerçam funções junto destes tribunais, ou equiparados, por causa das suas funções;

d) Conhecer dos conflitos de jurisdição cuja apre- ciação não pertença ao tribunal de conflitos;

e) Conhecer dos conflitos de competência entre os tribunais da Relação, entre estes e os tri- bunais de 1.a instância e entre tribunais de 1.a instância de diferentes distritos judiciais ou sediados na área de diferentes tribunais da Rela- ção, sem prejuízo do disposto no n.o 2 do artigo anterior;

f) Conhecer dos pedidos de habeas corpus, em vir- tude de prisão ilegal;

g) Conhecer dos pedidos de revisão de sentenças penais, decretar a anulação de penas inconci- liáveis e suspender a execução das penas quando decretada a revisão;

h) Decidir sobre o pedido de atribuição de com- petência a outro tribunal da mesma espécie e hierarquia, nos casos de obstrução ao exercício da jurisdição pelo tribunal competente;

i) Julgar, por intermédio do relator, os termos dos recursos a este cometidos pela lei de processo;

j) Praticar, nos termos da lei de processo, os actos jurisdicionais relativos ao inquérito, dirigir a ins- trução criminal, presidir ao debate instrutório e proferir despacho de pronúncia ou não pro- núncia nos processos referidos na alínea a) do n.o 1 do artigo anterior e na alínea b) do presente artigo;

l) Exercer as demais competências conferidas por lei.

Artigo 37.o

Julgamento nas secções

1 — Fora dos casos previstos na lei de processo e nas alíneas i) e j) do artigo anterior, o julgamento nas

212 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 10 — 13-1-1999

secções é efectuado por três juízes, cabendo a um juiz as funções de relator e aos outros as de adjuntos.

2 — A intervenção dos juízes de cada secção no jul- gamento faz-se, nos termos da lei de processo, segundo a ordem de precedência.

3 — Quando numa secção não seja possível obter o número de juízes exigido para o exame do processo e decisão da causa, são chamados a intervir os juízes de outra secção da mesma especialidade, começando-se pelos imediatos ao juiz que tiver aposto o último visto; não sendo possível chamar a intervir juízes da mesma especialidade, são chamados os da secção social, se a falta ocorrer na secção cível ou na secção criminal, e os da secção cível, se a falta ocorrer na secção social.

SECÇÃO IV

Juízes do Supremo Tribunal de Justiça

Artigo 38.o

Quadro de juízes

1 — O quadro dos juízes do Supremo Tribunal de Justiça é fixado em decreto-lei.

2 — Nos casos previstos no n.o 2 do artigo 11.o, no n.o 1 do artigo 54.o e no n.o 1 do artigo 138.o da Lei n.o 21/85, de 30 de Julho, o quadro a que se refere o número anterior é automaticamente aumentado em número correspondente de lugares, a extinguir quando retomarem o serviço efectivo os juízes que se encontrem nas mencionadas situações.

3 — Os juízes nomeados para os lugares acrescidos a que se refere o número anterior manter-se-ão como juízes além do quadro, até ocuparem as vagas que lhes competirem.

Artigo 39.o

Juízes além do quadro

1 — Quando o serviço o justificar, designadamente pelo número ou pela complexidade dos processos, o Conselho Superior da Magistratura pode propor a cria- ção, no Supremo Tribunal de Justiça, de lugares além do quadro.

2 — Os lugares a que se refere o número anterior extinguem-se decorridos dois anos sobre a data da sua criação, mantendo-se na situação de além do quadro os juízes para eles nomeados, até ocuparem as vagas que lhes competirem, nos termos do n.o 3 do artigo ante- rior.

3 — A nomeação de juízes, nos termos da presente disposição, obedece às regras gerais de provimento de vagas.

4 — A criação de lugares referida no n.o 1 efectua-se por portaria conjunta dos Ministros das Finanças, Adjunto e da Justiça.

SECÇÃO V

Presidência

Artigo 40.o

Presidente

1 — Os juízes que compõem o quadro do Supremo Tribunal de Justiça elegem, de entre si e por escrutínio secreto, o Presidente do Tribunal.

2 — É eleito o juiz que obtiver mais de metade dos votos validamente expressos; se nenhum obtiver esse número de votos, procede-se a segundo sufrágio, a que concorrem apenas os dois juízes mais votados, aplican- do-se, no caso de empate, o critério da antiguidade na categoria.

3 — Em caso de empate no segundo sufrágio, con- sidera-se eleito o mais antigo dos dois juízes.

Artigo 41.o

Precedência

O Presidente do Supremo Tribunal de Justiça tem precedência entre todos os juízes.

Artigo 42.o

Duração do mandato de Presidente

1 — O mandato de Presidente do Supremo Tribunal de Justiça tem a duração de três anos, não sendo admi- tida a reeleição para terceiro mandato consecutivo.

2 — O Presidente cessante mantém-se em funções até à tomada de posse do novo Presidente.

Artigo 43.o

Competência do Presidente

1 — Compete ao Presidente do Supremo Tribunal de Justiça:

a) Presidir ao plenário do Tribunal, ao pleno das secções especializadas e, quando a elas assista, às conferências;

b) Homologar as tabelas das sessões ordinárias e convocar as sessões extraordinárias;

c) Apurar o vencido nas conferências; d) Votar sempre que a lei o determine, assinando,

neste caso, o acórdão; e) Dar posse aos vice-presidentes, aos juízes, ao

secretário do Tribunal e aos presidentes dos tri- bunais da Relação;

f) Orientar superiormente os serviços da secretaria judicial;

g) Exercer acção disciplinar sobre os funcionários de justiça em serviço no Tribunal, relativamente a penas de gravidade inferior à de multa;

h) Exercer as demais funções conferidas por lei.

2 — Das decisões proferidas nos termos da alínea g) do número anterior cabe reclamação para o plenário do Conselho Superior da Magistratura.

Artigo 44.o

Vice-presidentes

1 — O Presidente do Supremo Tribunal de Justiça é coadjuvado por dois vice-presidentes.

2 — À eleição e ao exercício do mandato dos vice- -presidentes aplica-se o disposto relativamente ao Pre- sidente, sem prejuízo do que, quanto à eleição, se esta- belece nos números seguintes.

3 — Havendo eleição simultânea dos vice-presiden- tes, consideram-se eleitos os juízes que tiverem obtido maior número de votos.

4 — Em caso de obtenção de igual número de votos, procede-se a segundo sufrágio, a que concorrem apenas os juízes entre os quais o empate se verificou.

213N.o 10 — 13-1-1999 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A

5 — Subsistindo o empate no segundo sufrágio, con- sideram-se eleitos o juiz ou os juízes mais antigos na categoria.

Artigo 45.o

Substituição do Presidente

1 — Nas suas faltas e impedimentos, o Presidente é substituído pelo vice-presidente mais antigo no cargo ou, se for igual a antiguidade dos vice-presidentes, pelo mais antigo na categoria.

2 — Faltando ou estando impedidos ambos os vice- -presidentes, o Presidente é substituído pelo juiz mais antigo em exercício.

3 — Tendo em conta as necessidades de serviço, o Conselho Superior da Magistratura, sob proposta do Presidente do Tribunal, determina os casos em que os vice-presidentes podem ser isentos ou privilegiados na distribuição dos processos.

Artigo 46.o

Presidentes de secção

1 — Cada secção é presidida pelo mais antigo na cate- goria dos seus juízes.

2 — Compete ao presidente de secção presidir às sec- ções e exercer, com as devidas adaptações, as funções referidas nas alíneas b), c) e d) do n.o 1 do artigo 43.o

CAPÍTULO IV

Tribunais da Relação

SECÇÃO I

Disposições gerais

Artigo 47.o

Definição

1 — Os tribunais da Relação são, em regra, tribunais de 2.a instância.

2 — Em cada distrito judicial há um ou mais tribunais da Relação.

Artigo 48.o

Serviços comuns

Nos distritos judiciais em que exista mais de um tri- bunal da Relação, os serviços comuns, para efeitos admi- nistrativos, funcionam no tribunal da sede do respectivo distrito.

Artigo 49.o

Representação do Ministério Público

1 — Nos tribunais da Relação da sede do distrito judi- cial, o Ministério Público é representado pelos procu- radores-gerais distritais.

2 — Nos restantes tribunais da Relação, o Ministério Público é representado pelo procurador-geral-adjunto que o Conselho Superior do Ministério Público designar.

3 — Os procuradores-gerais-adjuntos mencionados no número anterior são designados em comissão de ser- viço e integram as procuradorias-gerais distritais da res- pectiva área territorial, podendo ser coadjuvados por procuradores-gerais-adjuntos ou por procuradores da República.

4 — Os procuradores-gerais-adjuntos referidos no n.o 2 dirigem e coordenam a actividade do Ministério Público no respectivo tribunal, conferem posse aos pro- curadores da República e aos procuradores-adjuntos na comarca sede daquele, podendo ainda ser-lhes delegada pelo procurador-geral distrital a competência a que se referem as alíneas e) e f) do n.o 1 do artigo 58.o da Lei n.o 60/98, de 27 de Agosto.

Artigo 50.o

Quadro de juízes

1 — O quadro dos juízes dos tribunais da Relação é fixado em decreto-lei.

2 — Quando o serviço o justifique, designadamente pelo número ou complexidade dos processos, o Con- selho Superior da Magistratura pode destacar para os tribunais da Relação os juízes auxiliares que se mostrem necessários.

3 — O destacamento efectua-se por um ano, pode ser renovado por iguais períodos e depende da anuência do juiz e de cabimento orçamental.

4 — A remuneração base dos juízes auxiliares cor- responde ao primeiro escalão remuneratório dos juízes dos tribunais da Relação.

5 — O Conselho Superior da Magistratura pode deli- berar que o destacamento ocasione abertura de vaga no lugar de origem.

SECÇÃO II

Organização e funcionamento

Artigo 51.o

Organização

1 — Os tribunais da Relação compreendem secções em matéria cível, em matéria penal e em matéria social.

2 — Nos tribunais da Relação situados fora da sede do distrito judicial a existência de secção social depende do volume ou da complexidade do serviço.

3 — Não havendo secção social, por falta do requisito constante do número anterior, cabe ao tribunal da Rela- ção da sede do distrito judicial julgar os recursos das decisões da competência dos tribunais do trabalho.

Artigo 52.o

Funcionamento

Os tribunais da Relação funcionam, sob a direcção de um presidente, em plenário e por secções.

Artigo 53.o

Turnos

1 — É aplicável aos tribunais da Relação o disposto no n.o 1 do artigo 32.o

2 — Os turnos são organizados, respectivamente, pelos presidentes dos tribunais da Relação, pelos pro- curadores-gerais distritais ou pelos procuradores-gerais- -adjuntos a que se refere o n.o 1 do artigo 49.o, com prévia audição dos magistrados e, sempre que possível, com a antecedência de 60 dias.

214 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 10 — 13-1-1999

Artigo 54.o

Disposições subsidiárias

É aplicável aos tribunais da Relação, com as neces- sárias adaptações, o disposto nos n.os 2 e 4 do artigo 28.o e nos artigos 29.o a 31.o

SECÇÃO III

Competência

Artigo 55.o

Competência do plenário

Compete aos tribunais da Relação, funcionando em plenário:

a) Conhecer dos conflitos de competência entre secções;

b) Exercer as demais competências conferidas por lei.

Artigo 56.o

Competência das secções

1 — Compete às secções, segundo a sua especia- lização:

a) Julgar recursos; b) Julgar as acções propostas contra juízes de

direito, procuradores da República e procura- dores-adjuntos, por causa das suas funções;

c) Julgar processos por crimes cometidos pelos magistrados referidos na alínea anterior e recur- sos em matéria contra-ordenacional a eles respeitantes;

d) Conhecer dos conflitos de competência entre tribunais de 1.a instância sediados na área do respectivo tribunal da Relação;

e) Julgar os processos judiciais de cooperação judi- ciária internacional em matéria penal;

f) Julgar os processos de revisão e confirmação de sentença estrangeira, sem prejuízo da com- petência legalmente atribuída a outros tribunais;

g) Conceder o exequátur às decisões proferidas pelos tribunais eclesiásticos;

h) Julgar, por intermédio do relator, os termos dos recursos que lhe estejam cometidos pela lei de processo;

i) Praticar, nos termos da lei de processo, os actos jurisdicionais relativos ao inquérito, dirigir a ins- trução criminal, presidir ao debate instrutório e proferir despacho de pronúncia ou não pro- núncia nos processos referidos na alínea c);

j) Exercer as demais competências conferidas por lei.

2 — Nos casos previstos na alínea d) do número ante- rior intervêm a ou as secções especializadas nas matérias objecto do conflito.

Artigo 57.o

Disposições subsidiárias

1 — É aplicável aos tribunais da Relação, com as necessárias adaptações, o disposto no artigo 34.o, no n.o 2 do artigo 35.o e no artigo 37.o

2 — A remissão para o disposto no artigo 34.o não prejudica o que se preceitua no n.o 3 do artigo 51.o

SECÇÃO IV

Presidência

Artigo 58.o

Presidente

1 — Os juízes que compõem o quadro do tribunal da Relação elegem, de entre si e por escrutínio secreto, o presidente do tribunal.

2 — É aplicável à eleição e ao exercício do mandato de presidente da Relação, com as necessárias adapta- ções, o disposto nos n.os 2 e 3 do artigo 40.o e no artigo 42.o

Artigo 59.o

Competência do presidente

1 — À competência do presidente do tribunal da Relação é aplicável, com as necessárias adaptações, o disposto nas alíneas a) a d), f), g) e h) do n.o 1 do artigo 43.o

2 — Compete ainda ao presidente dar posse ao vice- -presidente, aos juízes, ao secretário do tribunal e aos juízes de direito da sede do respectivo tribunal da Relação.

3 — Às decisões proferidas em matéria disciplinar é aplicável o disposto no n.o 2 do artigo 43.o

Artigo 60.o

Vice-presidente

1 — O presidente do tribunal da Relação é coadju- vado e substituído por um vice-presidente.

2 — É aplicável à eleição e ao exercício do mandato de vice-presidente o disposto no artigo 58.o

3 — Nas suas faltas e impedimentos, o vice-presidente é substituído pelo mais antigo dos juízes em exercício.

4 — É aplicável ao vice-presidente o preceituado no n.o 3 do artigo 45.o

Artigo 61.o

Disposição subsidiária

É aplicável aos tribunais da Relação, com as neces- sárias adaptações, o disposto no artigo 46.o

CAPÍTULO V

Tribunais judiciais de 1.a instância

SECÇÃO I

Disposições gerais

Artigo 62.o

Tribunais de comarca

1 — Os tribunais judiciais de 1.a instância são, em regra, os tribunais de comarca.

2 — Quando o volume ou a natureza do serviço o justificarem, podem existir na mesma comarca vários tribunais.

215N.o 10 — 13-1-1999 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A

Artigo 63.o

Área de competência

1 — Salvo o disposto no número seguinte, a área de competência dos tribunais judiciais de 1.a instância é a comarca.

2 — Podem existir tribunais com competência sobre uma ou mais circunscrições referidas no n.o 1 do arti- go 15.o, ou sobre áreas especialmente definidas na lei.

Artigo 64.o

Outros tribunais de 1.a instância

1 — Pode haver tribunais de 1.a instância de com- petência especializada e de competência específica.

2 — Os tribunais de competência especializada conhecem de matérias determinadas, independente- mente da forma de processo aplicável; os tribunais de competência específica conhecem de matérias determi- nadas em função da forma de processo aplicável, conhe- cendo ainda de recursos das decisões das autoridades administrativas em processo de contra-ordenação, nos termos do n.o 2 do artigo 102.o

3 — Em casos justificados, podem ser criados tribu- nais de competência especializada mista.

Artigo 65.o

Desdobramento de tribunais

1 — Os tribunais judiciais podem desdobrar-se em juízos.

2 — Nos tribunais de comarca os juízos podem ser de competência genérica, especializada ou específica.

3 — Os tribunais de comarca podem ainda desdo- brar-se em varas, com competência específica, quando o volume e a complexidade do serviço o justifiquem.

4 — Em cada tribunal, juízo ou vara exercem funções um ou mais juízes de direito.

Artigo 66.o

Círculos judiciais

1 — A área territorial dos círculos judiciais abrange a de uma ou várias comarcas.

2 — Em cada círculo judicial exercem funções dois ou mais juízes de direito, designados por juízes de círculo.

3 — O disposto no número anterior não prejudica o funcionamento próprio dos tribunais desdobrados em varas.

Artigo 67.o

Funcionamento

1 — Os tribunais judiciais de 1.a instância funcionam, consoante os casos, como tribunal singular, como tri- bunal colectivo ou como tribunal do júri.

2 — Nos casos previstos na lei, podem fazer parte dos tribunais juízes sociais, designados de entre pessoas de reconhecida idoneidade.

3 — Quando não for possível a designação ou a inter- venção dos juízes sociais, o tribunal é constituído pelo juiz singular ou pelo colectivo, conforme os casos.

4 — A lei pode prever a colaboração de técnicos qua- lificados quando o julgamento da matéria de facto dependa de conhecimentos especiais.

Artigo 68.o

Substituição dos juízes de direito

1 — Os juízes de direito são substituídos, nas suas faltas e impedimentos, sucessivamente:

a) Por outro juiz de direito; b) Por pessoa idónea, licenciada em Direito, desig-

nada pelo Conselho Superior da Magistratura.

2 — Nos tribunais com mais de um juízo, o juiz do 1.o juízo é substituído pelo do 2.o, este pelo do 3.o, e assim sucessivamente, por forma que o juiz do último juízo seja substituído pelo do 1.o

3 — O disposto no número anterior é aplicável aos tribunais com mais de uma vara, bem como, com as devidas adaptações, às substituições nos juízos ou varas com mais de um juiz.

4 — Quando recaia na pessoa a que se refere a alí- nea b) do n.o 1, a substituição é restrita à prática de actos de carácter urgente.

5 — A substituição que se prolongue por período superior a 30 dias é remunerada por despacho do Minis- tro da Justiça, sob parecer favorável do Conselho Supe- rior da Magistratura.

6 — A remuneração a que se refere o número anterior tem como limites um quinto e a totalidade do venci- mento do juiz substituto ou um quinto e a totalidade do valor do índice 100 da escala indiciária dos magis- trados judiciais, se o substituto for alguma das pessoas mencionadas na alínea b) do n.o 1.

Artigo 69.o

Acumulação de funções

1 — Ponderando as necessidades do serviço, o Con- selho Superior da Magistratura pode, com carácter excepcional, determinar que um juiz, obtida a sua anuên- cia, exerça funções em mais de um juízo ou em mais de um tribunal, ainda que de circunscrição diferente.

2 — É aplicável à acumulação de funções o disposto nos n.os 5 e 6 do artigo anterior.

Artigo 70.o

Juízes auxiliares

1 — É aplicável aos tribunais judiciais de 1.a instância o disposto nos n.o 2, 3 e 5 do artigo 50.o

2 — A remuneração dos juízes auxiliares corresponde à que lhes competiria se exercessem funções como efec- tivos nos tribunais para que são destacados.

Artigo 71.o

Quadro complementar de juízes

1 — Na sede de cada distrito judicial há uma bolsa de juízes para destacamento em tribunais da respectiva circunscrição em que se verifique a falta ou o impe- dimento dos seus titulares ou a vacatura do lugar, em circunstâncias que, pelo período de tempo previsível de ausência ou de preenchimento do lugar, conjugado com o volume de serviço, desaconselhem o recurso aos regi- mes de substituição ou de acumulação de funções cons- tantes dos artigos 68.o e 69.o

2 — Quando houver excesso de juízes para prover às situações referidas no número anterior, os juízes exce-

216 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 10 — 13-1-1999

dentários são destacados para tribunais que se encon- trem nas condições previstas nas disposições conjugadas do artigo anterior e do n.o 2 do artigo 50.o

3 — Os juízes são nomeados em comissão de serviço, pelo período de três anos, auferindo, quando destacados, ajudas de custo nos termos da lei geral, sem limite de tempo.

4 — O número de juízes é fixado por portaria con- junta dos Ministros das Finanças, Adjunto e da Justiça, sob proposta do Conselho Superior da Magistratura.

5 — Cabe ao Conselho Superior da Magistratura efec- tuar a gestão das bolsas de juízes e regular o seu destacamento.

Artigo 72.o

Turnos de distribuição

1 — Nos tribunais com mais de um juízo há um juiz de turno, que preside à distribuição e decide as questões com ela relacionadas.

2 — Com excepção dos que tenham lugar em férias judiciais de Verão, os turnos são quinzenais e têm início nos dias 1 e 16 de cada mês, seguindo-se a ordem de numeração dos juízos e, em cada um, a ordem de anti- guidade dos juízes.

Artigo 73.o

Serviço urgente

1 — Nos tribunais judiciais de 1.a instância organi- zam-se turnos para assegurar o serviço urgente durante as férias judiciais.

2 — São ainda organizados turnos, fora do período referido no número anterior, para assegurar o serviço urgente previsto no Código de Processo Penal e na Orga- nização Tutelar de Menores que deva ser executado aos sábados e feriados que não recaiam em domingo.

3 — A organização dos turnos a que se referem os números anteriores cabe, conforme os casos, ao pre- sidente do tribunal da Relação e ao respectivo procu- rador-geral-adjunto, com prévia audição dos magistra- dos e, sempre que possível, com a antecedência de 60 dias.

4 — Pelo serviço prestado nos termos do n.o 2 é devido suplemento remuneratório.

Artigo 74.o

Presidência do tribunal para efeitos administrativos

1 — Para efeitos administrativos, a presidência do tri- bunal é atribuída ao respectivo juiz de direito.

2 — Nos tribunais em que haja mais de um juiz de direito, a presidência para efeitos administrativos com- pete, por períodos bianuais, a cada juiz titular, come- çando pelo da 1.a vara ou juízo ou, sendo vários, pelo da 1.a secção, seguindo-se escalonadamente a ordem dos demais.

3 — Sem prejuízo do disposto no número anterior, sempre que estiverem instalados no mesmo edifício diversos tribunais, a presidência, para efeitos de admi- nistração geral, cabe ao mais antigo dos respectivos presidentes.

4 — A presidência dos serviços afectos ao Ministério Público considera-se atribuída aos respectivos magis- trados.

Artigo 75.o

Competência administrativa do presidente do tribunal

1 — Compete ao presidente, em matéria adminis- trativa:

a) Orientar superiormente os serviços das secre- tarias judiciais;

b) Dar posse ao secretário judicial; c) Exercer a acção disciplinar sobre os funcionários

de justiça relativamente às penas de gravidade inferior à de multa;

d) Elaborar anualmente um relatório sobre o estado dos serviços;

e) Exercer as demais funções conferidas por lei.

2 — Das decisões proferidas nos termos da alínea c) do número anterior cabe reclamação nos termos da lei.

Artigo 76.o

Administradores dos tribunais

1 — Nos tribunais cuja dimensão o justifique os res- pectivos presidentes são coadjuvados por administra- dores a quem compete, designadamente:

a) Preparar e elaborar o projecto de orçamento; b) Propor ou proceder às aquisições de bens e ser-

viços e administrar os bens de consumo; c) Gerir os meios de telecomunicações e assegurar

a gestão dos contratos de manutenção e assis- tência técnica;

d) Providenciar pela conservação das instalações e dos bens e equipamento comuns e tomar ou propor medidas para a sua racional utilização;

e) Velar pela segurança do edifício, das pessoas que o frequentam e dos bens nele existentes;

f) Regular a utilização de parques ou lugares de estacionamento de veículos.

2 — O secretário-geral do Ministério da Justiça e os directores-gerais dos Serviços Judiciários e do Gabinete de Gestão Financeira do Ministério da Justiça podem delegar nos administradores dos tribunais as competên- cias necessárias ao adequado desempenho das suas funções.

3 — O recrutamento, provimento e estatuto dos admi- nistradores dos tribunais consta de lei própria.

SECÇÃO II

Tribunais de competência genérica

Artigo 77.o

Competência

1 — Compete aos tribunais de competência genérica:

a) Preparar e julgar os processos relativos a causas não atribuídas a outro tribunal;

b) Proceder à instrução criminal, decidir quanto à pronúncia e exercer as funções jurisdicionais relativas ao inquérito, onde não houver tribunal ou juiz de instrução criminal;

c) Cumprir os mandados, cartas, ofícios e telegra- mas que lhes sejam dirigidos pelos tribunais ou autoridades competentes;

217N.o 10 — 13-1-1999 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A

d) Julgar os recursos das decisões das autoridades administrativas em processos de contra-ordenação, salvo o disposto nos artigos 89.o, 92.o e 97.o;

e) Exercer as demais competências conferidas por lei.

2 — Quando a lei de processo determinar o impe- dimento do juiz, este é substituído nos termos do artigo 68.o

SECÇÃO III

Tribunais e juízos de competência especializada

SUBSECÇÃO I

Espécies de tribunais

Artigo 78.o

Espécies

Podem ser criados os seguintes tribunais de compe- tência especializada:

a) De instrução criminal; b) De família; c) De menores; d) Do trabalho; e) De comércio; f) Marítimos; g) De execução das penas.

SUBSECÇÃO II

Tribunais de instrução criminal

Artigo 79.o

Competência

1 — Compete aos tribunais de instrução criminal pro- ceder à instrução criminal, decidir quanto à pronúncia e exercer as funções jurisdicionais relativas ao inquérito.

2 — Quando o interesse ou a urgência da investigação o justifique, os juízes em exercício de funções de ins- trução criminal podem intervir, em processos que lhes estejam afectos, fora da sua área territorial de com- petência.

Artigo 80.o

Casos especiais de competência

1 — A competência a que se refere o n.o 1 do artigo anterior, quanto aos crimes enunciados no n.o 1 do artigo 47.o da Lei n.o 60/98, de 27 de Agosto, cabe a um tribunal central de instrução criminal, quando a acti- vidade criminosa ocorrer em comarcas pertencentes a diferentes distritos judiciais.

2 — A competência dos tribunais de instrução cri- minal da sede dos distritos judiciais abrange a área do respectivo distrito relativamente aos crimes a que se refere o número anterior, quando a actividade criminosa ocorrer em comarcas pertencentes a diferentes círculos judiciais.

3 — Nas comarcas em que o movimento processual o justifique e sejam criados Departamentos de Inves- tigação e Acção Penal (DIAP), serão também criados tribunais de instrução criminal com competência cir- cunscrita à área da comarca ou comarcas abrangidas.

4 — O disposto nos números anteriores não prejudica a competência do juiz de instrução da área onde os actos jurisdicionais, de carácter urgente, relativos ao inquérito, devam ser realizados.

SUBSECÇÃO III

Tribunais de família

Artigo 81.o

Competência relativa a cônjuges e ex-cônjuges

Compete aos tribunais de família preparar e julgar:

a) Processos de jurisdição voluntária relativos a cônjuges;

b) Acções de separação de pessoas e bens e de divórcio, sem prejuízo do disposto no n.o 2 do artigo 1773.o do Código Civil;

c) Inventários requeridos na sequência de acções de separação de pessoas e bens e de divórcio, bem como os procedimentos cautelares com aqueles relacionados;

d) Acções de declaração de inexistência ou de anu- lação do casamento civil;

e) Acções intentadas com base no artigo 1647.o e no n.o 2 do artigo 1648.o do Código Civil;

f) Acções e execuções por alimentos entre côn- juges e entre ex-cônjuges.

Artigo 82.o

Competência relativa a menores e filhos maiores

1 — Compete igualmente aos tribunais de família:

a) Instaurar a tutela e a administração de bens; b) Nomear pessoa que haja de celebrar negócios

em nome do menor e, bem assim, nomear cura- dor-geral que represente extrajudicialmente o menor sujeito ao poder paternal;

c) Constituir o vínculo da adopção; d) Regular o exercício do poder paternal e conhe-

cer das questões a este respeitantes; e) Fixar os alimentos devidos a menores e aos

filhos maiores ou emancipados a que se refere o artigo 1880.o do Código Civil e preparar e julgar as execuções por alimentos;

f) Ordenar a entrega judicial de menores; g) Autorizar o representante legal dos menores a

praticar certos actos, confirmar os que tenham sido praticados sem autorização e providenciar acerca da aceitação de liberalidades;

h) Decidir acerca da caução que os pais devam prestar a favor dos filhos menores;

i) Decretar a inibição, total ou parcial, e estabe- lecer limitações ao exercício do poder paternal, previstas no artigo 1920.o do Código Civil;

j) Proceder à averiguação oficiosa de materni- dade, de paternidade ou para impugnação da paternidade presumida;

l) Decidir, em caso de desacordo dos pais, sobre o nome e apelidos do menor.

2 — Compete ainda aos tribunais de família:

a) Havendo tutela ou administração de bens, determinar a remuneração do tutor ou admi-

218 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 10 — 13-1-1999

nistrador, conhecer da escusa, exoneração ou remoção do tutor, administrador ou vogal do conselho de família, exigir e julgar as contas, autorizar a substituição da hipoteca legal e determinar o reforço e substituição da caução prestada e nomear curador especial que repre- sente o menor extrajudicialmente;

b) Nomear curador especial que represente o menor em qualquer processo tutelar;

c) Converter, revogar e rever a adopção, exigir e julgar as contas do adoptante e fixar o montante dos rendimentos destinados a alimentos do adoptado;

d) Decidir acerca do reforço e substituição da cau- ção prestada a favor dos filhos menores;

e) Exigir e julgar as contas que os pais devam prestar;

f) Conhecer de quaisquer outros incidentes nos processos referidos no número anterior.

SUBSECÇÃO IV

Tribunais de menores

Artigo 83.o

Competência

1 — Compete aos tribunais de menores decretar medidas relativamente a menores que, tendo comple- tado 12 anos e antes de perfazerem 16 anos, se encon- trem em alguma das seguintes situações:

a) Mostrem dificuldade séria de adaptação a uma vida social normal, pela sua situação, compor- tamento ou tendência que hajam revelado;

b) Se entreguem à mendicidade, vadiagem, pros- tituição, libertinagem, abuso de bebidas alcoó- licas ou uso ilícito de drogas;

c) Sejam agentes de algum facto qualificado pela lei penal como crime, contravenção ou con- tra-ordenação.

2 — A competência dos tribunais de menores é exten- siva a menores com idade inferior a 12 anos quando os pais ou o representante legal não aceitem a inter- venção tutelar ou reeducativa de instituições oficiais ou oficializadas não judiciárias.

3 — Ressalvados os casos em que a competência caiba, por lei, às instituições referidas no n.o 2, inde- pendentemente da idade, os tribunais de menores são ainda competentes para:

a) Decretar medidas relativamente a menores que sejam vítimas de maus tratos, de abandono ou de desamparo ou se encontrem em situações susceptíveis de porem em perigo a sua saúde, segurança, educação ou moralidade;

b) Decretar medidas relativamente a menores que, tendo atingido os 14 anos, se mostrem grave- mente inadaptados à disciplina da família, do trabalho ou do estabelecimento de educação e assistência em que se encontrem internados;

c) Decretar medidas relativamente a menores que se entreguem à mendicidade, vadiagem, pros- tituição, libertinagem, abuso de bebidas alcoó- licas ou uso de drogas, quando tais actividades não constituírem nem estiverem conexionadas com infracções criminais;

d) Apreciar e decidir pedidos de protecção de menores contra o exercício abusivo de autori- dade na família ou nas instituições a que estejam entregues.

4 — Quando, durante o cumprimento de medida, o menor com mais de 16 anos cometer alguma infracção criminal, o tribunal pode conhecer desta, para o efeito de rever a medida em execução, se a personalidade do menor e as circunstâncias pouco graves do facto assim o aconselharem.

5 — Cessa a competência do tribunal quando o pro- cesso nele der entrada depois de o menor atingir 18 anos, caso em que é arquivado.

Artigo 84.o

Constituição

1 — O tribunal de menores funciona, em regra, com um só juiz.

2 — Nos processos em que se presuma a aplicação de medida de internamento e no caso previsto no n.o 4 do artigo anterior, o julgamento pertence a um tribunal constituído pelo juiz, que preside, e por dois juízes sociais.

SUBSECÇÃO V

Tribunais do trabalho

Artigo 85.o

Competência cível

Compete aos tribunais do trabalho conhecer, em matéria cível:

a) Das questões relativas à anulação e interpre- tação dos instrumentos de regulamentação colectiva do trabalho que não revistam natureza administrativa;

b) Das questões emergentes de relações de tra- balho subordinado e de relações estabelecidas com vista à celebração de contratos de trabalho;

c) Das questões emergentes de acidentes de tra- balho e doenças profissionais;

d) Das questões de enfermagem ou hospitalares, de fornecimento de medicamentos emergentes da prestação de serviços clínicos, de aparelhos de prótese e ortopedia ou de quaisquer outros serviços ou prestações efectuados ou pagos em benefício de vítimas de acidentes de trabalho ou doenças profissionais;

e) Das acções destinadas a anular os actos e con- tratos celebrados por quaisquer entidades res- ponsáveis com o fim de se eximirem ao cum- primento de obrigações resultantes da aplicação da legislação sindical ou do trabalho;

f) Das questões emergentes de contratos equipa- rados por lei aos de trabalho;

g) Das questões emergentes de contratos de apren- dizagem e de tirocínio;

h) Das questões entre trabalhadores ao serviço da mesma entidade, a respeito de direitos e obri- gações que resultem de actos praticados em comum na execução das suas relações de tra- balho ou que resultem de acto ilícito praticado

219N.o 10 — 13-1-1999 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A

por um deles na execução do serviço e por motivo deste, ressalvada a competência dos tri- bunais criminais quanto à responsabilidade civil conexa com a criminal;

i) Das questões entre instituições de previdência ou de abono de família e seus beneficiários, quando respeitem a direitos, poderes ou obri- gações legais, regulamentares ou estatutárias de umas ou outros, sem prejuízo da competência própria dos tribunais administrativos e fiscais;

j) Das questões entre associações sindicais e sócios ou pessoas por eles representados, ou afectados por decisões suas, quando respeitem a direitos, poderes ou obrigações legais, regulamentares ou estatutárias de uns ou de outros;

l) Dos processos destinados à liquidação e partilha de bens de instituições de previdência ou de associações sindicais, quando não haja dispo- sição legal em contrário;

m) Das questões entre instituições de previdência ou entre associações sindicais, a respeito da exis- tência, extensão ou qualidade de poderes ou deveres legais, regulamentares ou estatutários de um deles que afecte o outro;

n) Das execuções fundadas nas suas decisões ou noutros títulos executivos, ressalvada a compe- tência atribuída a outros tribunais;

o) Das questões entre sujeitos de uma relação jurí- dica de trabalho ou entre um desses sujeitos e terceiros, quando emergentes de relações conexas com a relação de trabalho, por aces- soriedade, complementaridade ou dependência, e o pedido se cumule com outro para o qual o tribunal seja directamente competente;

p) Das questões reconvencionais que com a acção tenham as relações de conexão referidas na alí- nea anterior, salvo no caso de compensação, em que é dispensada a conexão;

q) Das questões cíveis relativas à greve; r) Das questões entre comissões de trabalhadores

e as respectivas comissões coordenadoras, a empresa ou trabalhadores desta;

s) Das demais questões que por lei lhes sejam atribuídas.

Artigo 86.o

Competência contravencional

Compete aos tribunais do trabalho conhecer e julgar, em matéria contravencional:

a) As transgressões de normas legais e convencio- nais reguladoras das relações de trabalho;

b) As transgressões de normas legais ou regula- mentares sobre encerramento de estabeleci- mentos comerciais ou industriais, ainda que sem pessoal ao seu serviço;

c) As transgressões de normas legais ou regula- mentares sobre higiene, salubridade e condições de segurança dos locais de trabalho;

d) As transgressões de preceitos legais relativos a acidentes de trabalho e doenças profissionais;

e) As infracções de natureza contravencional rela- tivas à greve;

f) As demais infracções de natureza, contraven- cional cujo conhecimento lhes seja atribuído por lei.

Artigo 87.o

Competência em matéria de contra-ordenações

Compete aos tribunais do trabalho julgar os recursos das decisões das autoridades administrativas em pro- cessos de contra-ordenação nos domínios laboral e da segurança social.

Artigo 88.o

Constituição do tribunal colectivo

1 — Nas causas referidas nas alíneas a), b), e), f), g) e q) do artigo 85.o em que deva intervir o colectivo, o tribunal é constituído pelo colectivo e por dois juízes sociais.

2 — Nas causas referidas na alínea f) do artigo 85.o, um dos juízes sociais deve ser nomeado na qualidade de trabalhador independente e outro na qualidade de trabalhador assalariado.

3 — Nas restantes causas a que se refere o n.o 1, um dos juízes sociais é recrutado de entre entidades patro- nais e outro de entre trabalhadores assalariados.

SUBSECÇÃO VI

Tribunais de comércio

Artigo 89.o

Competência

1 — Compete aos tribunais de comércio preparar e julgar:

a) Os processos especiais de recuperação da em- presa e de falência;

b) As acções de declaração de inexistência, nuli- dade e anulação do contrato de sociedade;

c) As acções relativas ao exercício de direitos sociais;

d) As acções de suspensão e de anulação de deli- berações sociais;

e) As acções de dissolução e de liquidação judicial de sociedades;

f) As acções de declaração em que a causa de pedir verse sobre propriedade industrial, em qualquer das modalidades previstas no Código da Propriedade Industrial;

g) As acções a que se refere o Código do Registo Comercial;

h) As acções de anulação de marca.

2 — Compete ainda aos tribunais de comércio julgar:

a) Os recursos de decisões que, nos termos pre- vistos no Código da Propriedade Industrial, con- cedam ou recusem qualquer dos direitos pri- vativos nele previstos;

b) Os recursos dos despachos dos conservadores do registo comercial;

c) Os recursos das decisões do Conselho da Con- corrência referidas no n.o 1 do artigo 27.o do Decreto-Lei n.o 371/93, de 29 de Outubro, e os recursos das decisões do Conselho da Con- corrência e da Direcção-Geral do Comércio e da Concorrência, em processo de contra-orde- nação, nos termos do artigo 38.o do mesmo diploma.

3 — A competência a que se refere o n.o 1 abrange os respectivos incidentes e apensos.

220 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 10 — 13-1-1999

SUBSECÇÃO VII

Tribunais marítimos

Artigo 90.o

Competência

Compete aos tribunais marítimos conhecer das ques- tões relativas a:

a) Indemnizações devidas por danos causados ou sofridos por navios, embarcações e outros enge- nhos flutuantes, ou resultantes da sua utilização marítima, nos termos gerais de direito;

b) Contratos de construção, reparação, compra e venda de navios, embarcações e outros enge- nhos flutuantes, desde que destinados ao uso marítimo;

c) Contratos de transporte por via marítima ou contrato de transporte combinado ou multi- modal;

d) Contratos de transporte por via fluvial ou por canais, nos limites do quadro I anexo ao Regu- lamento Geral das Capitanias;

e) Contratos de utilização marítima de navios, embarcações e outros engenhos flutuantes, designadamente os de fretamento e os de loca- ção financeira;

f) Contratos de seguro de navios, embarcações e outros engenhos flutuantes destinados ao uso marítimo e suas cargas;

g) Hipotecas e privilégios sobre navios e embar- cações, bem como quaisquer garantias reais sobre engenhos flutuantes e suas cargas;

h) Processos especiais relativos a navios, embar- cações, outros engenhos flutuantes e suas car- gas;

i) Procedimentos cautelares sobre navios, embar- cações e outros engenhos flutuantes, respectiva carga e bancas e outros valores pertinentes aos navios, embarcações e outros engenhos flutuan- tes, bem como solicitação preliminar à capitania para suster a saída das coisas que constituam objecto de tais procedimentos;

j) Avarias comuns ou avarias particulares, incluindo as que digam respeito a outros engenhos flutuantes destinados ao uso marítimo;

l) Assistência e salvação marítimas; m) Contratos de reboque e contratos de pilotagem; n) Remoção de destroços; o) Responsabilidade civil emergente de poluição

do mar e outras águas sob a sua jurisdição; p) Utilização, perda, achado ou apropriação de

aparelhos ou artes de pesca ou de apanhar mariscos, moluscos e plantas marinhas, ferros, aprestos, armas, provisões e mais objectos des- tinados à navegação ou à pesca, bem como danos produzidos ou sofridos pelo mesmo material;

q) Danos causados nos bens do domínio público marítimo;

r) Propriedade e posse de arrojos e de coisas pro- venientes ou resultantes das águas do mar ou restos existentes, que jazem nos respectivos solo ou subsolo ou que provenham ou existam nas águas interiores, se concorrer interesse marí- timo;

s) Presas; t) Todas as questões em geral sobre matérias de

direito comercial marítimo;

u) Recursos das decisões do capitão do porto pro- feridas em processo de contra-ordenação marí- tima.

SUBSECÇÃO VIII

Tribunais de execução das penas

Artigo 91.o

Competência

1 — Compete aos tribunais de execução das penas exercer jurisdição em matéria de execução de pena de prisão, de pena relativamente indeterminada e de medida de segurança de internamento de inimputáveis.

2 — Compete especialmente aos tribunais de execu- ção das penas:

a) Conceder a liberdade condicional e decidir sobre a sua revogação;

b) Decidir o internamento ou a suspensão da exe- cução da pena de prisão de imputáveis porta- dores de anomalia psíquica sobrevinda durante a execução da pena de prisão, bem como a res- pectiva revisão;

c) Decidir sobre a modificação da execução da pena de prisão relativamente aos condenados que padeçam de doença grave e irreversível em fase terminal;

d) Rever, prorrogar e reexaminar a medida de segurança de internamento de inimputáveis;

e) Conceder a liberdade para prova e decidir sobre a sua revogação;

f) Homologar o plano individual de readaptação do condenado em pena relativamente indeter- minada e respectivas modificações;

g) Proferir o despacho de declaração de contumá- cia e o decretamento do arresto relativamente a condenado que dolosamente se tiver eximido parcialmente à execução de uma pena de prisão, de uma pena relativamente indeterminada ou de uma medida de segurança de internamento;

h) Declarar a extinção da execução da pena de prisão, da pena relativamente indeterminada a da medida de segurança de internamento;

i) Decidir sobre a prestação de trabalho a favor da comunidade ou sobre a sua revogação no caso de execução sucessiva de medida de segu- rança e pena privativas da liberdade;

j) Decidir sobre o cancelamento provisório no registo criminal de factos ou decisões nele inscritos;

l) Emitir parecer sobre a concessão e decidir sobre a revogação de indulto, bem como fazer a sua aplicação, e aplicar a amnistia e o perdão gené- rico sempre que os respectivos processos se encontrem na secretaria, ainda que transito- riamente.

Artigo 92.o

Competência do juiz

Sem prejuízo das funções jurisdicionais previstas no artigo anterior, compete ao juiz do tribunal de execução das penas:

a) Visitar os estabelecimentos prisionais da res- pectiva circunscrição, a fim de tomar conheci- mento da forma como estão a ser executadas as condenações;

221N.o 10 — 13-1-1999 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A

b) Apreciar, por ocasião da visita, as pretensões dos reclusos que para o efeito se inscrevam em livro próprio, ouvindo o director do estabe- lecimento;

c) Conhecer dos recursos interpostos pelos reclu- sos de decisões disciplinares que apliquem san- ção de internamento em cela disciplinar por tempo superior a oito dias;

d) Conceder e revogar saídas precárias prolon- gadas;

e) Convocar e presidir ao conselho técnico dos estabelecimentos, sempre que o entenda neces- sário ou a lei o preveja;

f) Exercer as demais competências conferidas por lei.

SUBSECÇÃO IX

Espécies de juízos

Artigo 93.o

Espécies

Podem ser criados juízos de competência especiali- zada cível e de competência especializada criminal.

Artigo 94.o

Juízos de competência especializada cível

Aos juízos de competência especializada cível com- pete a preparação e o julgamento dos processos de natu- reza cível não atribuídos a outros tribunais.

Artigo 95.o

Juízos de competência especializada criminal

Aos juízos de competência especializada criminal compete:

a) A preparação, o julgamento e os termos sub- sequentes das causas crime não atribuídas a outros tribunais;

b) Nas comarcas não abrangidas pela plenitude dos tribunais de menores, a prática dos actos que, nessa matéria, é atribuída aos tribunais de com- petência genérica;

c) Nas comarcas não abrangidas pela competência dos tribunais de instrução criminal, a prática dos actos referidos na alínea b) do n.o 1 do artigo 77.o;

d) O julgamento dos recursos das decisões das autoridades administrativas em processo de con- tra-ordenação, salvo o disposto nos artigos 87.o, 89.o, 90.o e 102.o

SECÇÃO IV

Tribunais de competência específica

Artigo 96.o

Varas e juízos de competência específica

1 — Podem ser criadas as seguintes varas e juízos de competência específica:

a) Varas cíveis; b) Varas criminais;

c) Juízos cíveis; d) Juízos criminais; e) Juízos de pequena instância cível; f) Juízos de pequena instância criminal.

2 — Em casos justificados podem ser criadas varas com competência mista, cível e criminal.

Artigo 97.o

Varas cíveis

1 — Compete às varas cíveis:

a) A preparação e julgamento das acções decla- rativas cíveis de valor superior à alçada do tri- bunal da Relação em que a lei preveja a inter- venção do tribunal colectivo;

b) A preparação e julgamento das acções execu- tivas fundadas em título que não seja decisão judicial, de valor superior à alçada dos tribunais da Relação;

c) A preparação e julgamento dos procedimentos cautelares a que correspondam acções da sua competência;

d) Exercer as demais competências conferidas por lei.

2 — Onde não houver tribunais de família e de comér- cio, é extensivo às acções em matéria de família e de comércio o disposto na alínea a) do número anterior.

3 — São remetidos às varas cíveis os processos pen- dentes nos juízos cíveis em que se verifique alteração do valor susceptível de determinar a sua competência.

4 — São ainda remetidos às varas cíveis, para julga- mento e ulterior devolução, os processos que não sejam originariamente da sua competência, ou certidão das necessárias peças processuais, nos casos em que a lei preveja, em determinada fase da sua tramitação, a inter- venção do tribunal colectivo.

5 — Nas varas cíveis compete ao juiz da causa ou ao juiz a quem for distribuído o processo o exercício das funções previstas no artigo 108.o, com as devidas adaptações.

Artigo 98.o

Varas criminais

Compete às varas criminais proferir despacho nos ter- mos dos artigos 311.o a 313.o do Código de Processo Penal e proceder ao julgamento e termos subsequentes nos processos de natureza criminal da competência do tribunal colectivo ou do júri.

Artigo 99.o

Juízos cíveis

Compete aos juízos cíveis preparar e julgar os pro- cessos de natureza cível que não sejam de competência das varas cíveis e dos juízos de pequena instância cível.

Artigo 100.o

Juízos criminais

Compete aos juízos criminais proferir despacho nos termos dos artigos 311.o a 313.o do Código de Processo Penal e proceder ao julgamento e termos subsequentes

222 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 10 — 13-1-1999

nos processos de natureza criminal não atribuídos às varas criminais e aos juízos de pequena instância criminal.

Artigo 101.o

Juízos de pequena instância cível

Compete aos juízos de pequena instância cível pre- parar e julgar as causas cíveis a que corresponda a forma de processo sumaríssimo e as causas cíveis não previstas no Código de Processo Civil a que corresponda processo especial e cuja decisão não seja susceptível de recurso ordinário.

Artigo 102.o

Juízos de pequena instância criminal

1 — Compete aos juízos de pequena instância crimi- nal preparar e julgar as causas a que corresponda a forma de processo sumário, abreviado e sumaríssimo.

2 — Compete ainda aos juízos de pequena instância criminal julgar os recursos das decisões das autoridades administrativas em processo de contra-ordenação, salvo o disposto nos artigos 87.o, 89.o e 90.o

SECÇÃO V

Execução das decisões

Artigo 103.o

Competência

Os tribunais de competência especializada e de com- petência específica são competentes para executar as respectivas decisões.

SECÇÃO VI

Tribunal singular, colectivo e do júri

SUBSECÇÃO I

Tribunal singular

Artigo 104.o

Composição e competência

1 — O tribunal singular é composto por um juiz. 2 — Compete ao tribunal singular julgar os processos

que não devam ser julgados pelo tribunal colectivo ou do júri.

SUBSECÇÃO II

Tribunal colectivo

Artigo 105.o

Composição

1 — O tribunal colectivo é composto por três juízes. 2 — Salvo disposição em contrário, nos tribunais de

comarca, ainda que desdobrados em juízos de compe- tência especializada, o tribunal colectivo é constituído por dois juízes de círculo e pelo juiz do processo.

3 — Nas varas cíveis, nas varas criminais e nas varas com competência mista, o tribunal colectivo é consti- tuído por juízes privativos.

4 — Nos restantes tribunais, o Conselho Superior da Magistratura designa os juízes necessários à constituição do tribunal colectivo, devendo a designação, sempre que possível, recair em juízes privativos do tribunal.

Artigo 106.o

Competência

Compete ao tribunal colectivo julgar:

a) Em matéria penal, os processos a que se refere o artigo 14.o do Código de Processo Penal;

b) As questões de facto nas acções de valor supe- rior à alçada dos tribunais da Relação e nos incidentes e execuções que sigam os termos do processo de declaração e excedam a referida alçada, sem prejuízo dos casos em que a lei de processo exclua a sua intervenção;

c) As questões de direito, nas acções em que a lei de processo o determine.

Artigo 107.o

Presidente do tribunal colectivo

1 — O tribunal colectivo é presidido:

a) Nos tribunais a que se refere o n.o 2 do artigo 105.o, por um dos juízes de círculo;

b) Nos tribunais em que o colectivo é constituído por juízes privativos, pelo juiz do processo;

c) Nos restantes tribunais, pelo juiz do processo.

2 — Nos casos da alínea a) do número anterior, a presidência dos tribunais colectivos será equitativamente distribuída pelos juízes de círculo.

3 — Compete ao Conselho Superior da Magistratura efectuar a distribuição a que se refere o número anterior, ouvidos os respectivos juízes.

Artigo 108.o

Competência do presidente

1 — Compete ao presidente do tribunal colectivo:

a) Dirigir as audiências de discussão e julgamento; b) Elaborar os acórdãos nos julgamentos penais; c) Proferir a sentença final nas acções cíveis; d) Suprir as deficiências das sentenças e dos acór-

dãos referidos nas alíneas anteriores, esclare- cê-los, reformá-los e sustentá-los nos termos das leis de processo;

e) Exercer as demais funções atribuídas por lei.

2 — Compete ainda ao presidente do tribunal colec- tivo o julgamento no caso previsto no n.o 5 do artigo 334.o do Código de Processo Penal.

Artigo 109.o

Sessões do tribunal colectivo

A organização do programa das sessões do tribunal colectivo compete, ouvidos os demais juízes:

a) Ao mais antigo como juiz de círculo, no caso da alínea a) do n.o 1 do artigo 107.o, ou, em caso de igual antiguidade, ao mais antigo como juiz;

223N.o 10 — 13-1-1999 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A

b) Ao mais antigo dos juízes, no caso da alínea b) do n.o 1 do mesmo artigo;

c) Ao juiz do processo, no caso da alínea c) do n.o 1 do mesmo artigo.

SUBSECÇÃO III

Tribunal do júri

Artigo 110.o

Composição

1 — O tribunal do júri é constituído pelo presidente do tribunal colectivo, que preside, pelos restantes juízes e por jurados.

2 — Lei própria regula o número, recrutamento e selecção dos jurados.

Artigo 111.o

Competência

1 — Compete ao tribunal do júri julgar os processos a que se refere o artigo 13.o do Código de Processo Penal, salvo se tiverem por objecto crimes de terrorismo ou se referirem a criminalidade altamente organizada.

2 — A intervenção do júri no julgamento é definida pela lei de processo.

SUBSECÇÃO IV

Arrendamento rural

Artigo 112.o

Composição do tribunal

1 — Nas acções que tenham por objecto questões de arrendamento rural, integram o tribunal dois juízes sociais.

2 — Dos juízes sociais, um é recrutado de entre senho- rios e outro de entre rendeiros.

CAPÍTULO VI

Ministério Público

Artigo 113.o

Ministério Público

1 — O Ministério Público é representado:

a) No Supremo Tribunal de Justiça, pelo Procu- rador-Geral da República;

b) Nos tribunais da Relação, pelos procuradores- -gerais distritais e por procuradores-gerais-ad- juntos;

c) Nos tribunais de 1.a instância, por procuradores da República e por procuradores-adjuntos.

2 — Nas sedes de círculos judiciais e nos tribunais em que os juízes, para efeitos remuneratórios, são equi- parados a juiz de círculo, há, pelo menos, um procurador da República.

3 — Os magistrados referidos no n.o 1 fazem-se subs- tituir nos termos do Estatuto do Ministério Público.

4 — É aplicável ao Ministério Público, com as neces- sárias adaptações, o disposto nos n.os 2 a 5 do artigo 50.o e nos artigos 70.o e 71.o

CAPÍTULO VII

Mandatários judiciais

Artigo 114.o

Advogados

1 — A lei assegura aos advogados as imunidades necessárias ao exercício do mandato e regula o patro- cínio forense como elemento essencial à administração da justiça.

2 — Para a defesa dos direitos e garantias individuais, os advogados podem requerer a intervenção dos órgãos jurisdicionais competentes.

3 — A imunidade necessária ao desempenho eficaz do mandato forense é assegurada aos advogados pelo reconhecimento legal e garantia de efectivação, desig- nadamente:

a) Do direito à protecção do segredo profissional; b) Do direito ao livre exercício do patrocínio e

ao não sancionamento pela prática de actos con- formes ao estatuto da profissão;

c) Do direito à especial protecção das comunica- ções com o cliente e à preservação do sigilo da documentação relativa ao exercício da defesa.

Artigo 115.o

Solicitadores

Os solicitadores são auxiliares da administração da justiça, exercendo o mandato judicial nos casos e com as limitações previstos na lei.

Artigo 116.o

Ordem dos Advogados e Câmara dos Solicitadores

1 — A Ordem dos Advogados e a Câmara dos Soli- citadores têm direito ao uso exclusivo das instalações que ocupam nos edifícios dos tribunais judiciais ou lhes estejam reservadas nos projectos desses edifícios.

2 — Os mandatários judiciais têm direito ao uso exclu- sivo das instalações que, em vista das suas funções, lhes sejam destinadas nos tribunais judiciais.

CAPÍTULO VIII

Instalação dos tribunais

Artigo 117.o

Supremo Tribunal de Justiça e tribunais da Relação

A instalação do Supremo Tribunal de Justiça e dos tribunais da Relação constitui encargo directo do Estado.

224 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 10 — 13-1-1999

Artigo 118.o

Tribunais de 1.a instância

1 — Constitui encargo dos municípios a aquisição, urbanização e cedência à administração central de ter- renos destinados à construção de edifícios para insta- lação de tribunais judiciais de 1.a instância.

2 — Nos tribunais com jurisdição em mais de um município, os encargos referidos no número anterior são suportados por cada um na proporção das respec- tivas receitas.

3 — Os encargos com a reparação, remodelação ou construção de edifícios destinados a instalação de tri- bunais judiciais de 1.a instância são suportados pela administração central, ressalvada a hipótese de acordo, em sentido diverso, entre o Ministério da Justiça e os municípios referidos nos números anteriores.

4 — Sem prejuízo do disposto no número anterior, os municípios referidos nos n.os 1 e 2 devem proceder às obras de conservação urgente.

CAPÍTULO IX

Secretarias judiciais

SECÇÃO I

Disposições gerais

Artigo 119.o

Funções

O expediente dos tribunais é assegurado por secre- tarias, com a composição e as competências previstas na presente lei e no seu regulamento.

Artigo 120.o

Composição

1 — As secretarias compreendem serviços judiciais, compostos por uma secção central e por uma ou mais secções de processos, e serviços do Ministério Público.

2 — As secretarias podem ainda compreender ser- viços administrativos e secções de serviço externo.

Artigo 121.o

Secretarias-gerais

1 — Nos tribunais judiciais de 1.a instância em que a natureza e o volume de serviço o justifiquem, haverá secretarias com funções de centralização administrativa, designadas por secretarias-gerais.

2 — As secretarias-gerais podem abranger um ou mais tribunais ou um ou mais serviços do Ministério Público.

Artigo 122.o

Horário de funcionamento

1 — As secretarias funcionam, nos dias úteis, das 9 horas às 12 horas e 30 minutos e das 13 horas e 30 minutos às 17 horas.

2 — O disposto no número anterior não prejudica a instituição, por despacho do Ministro da Justiça, de horário contínuo.

3 — As secretarias encerram ao público uma hora antes do termo do horário diário.

4 — As secretarias funcionam igualmente aos sábados e feriados que não recaiam em domingo, quando seja necessário assegurar serviço urgente, em especial o pre- visto no Código de Processo Penal e na Organização Tutelar de Menores.

Artigo 123.o

Entrada nas secretarias

1 — A entrada nas secretarias é vedada a pessoas estranhas aos serviços.

2 — Mediante autorização do funcionário que chefiar a secretaria, é permitida a entrada a quem, em razão do seu especial interesse nos actos ou processos, a ela deva ter acesso.

3 — O disposto no n.o 1 não é aplicável aos man- datários judiciais.

Artigo 124.o

Quadros de pessoal

A criação ou alteração dos quadros de pessoal das secretarias faz-se por portaria conjunta dos Ministros das Finanças, Adjunto e da Justiça.

SECÇÃO II

Registo e arquivo

Artigo 125.o

Registo de peças processuais e processos

1 — As peças processuais e os processos apresentados nas secretarias são registados em livros próprios.

2 — O director-geral dos Serviços Judiciários pode determinar a substituição dos diversos livros por supor- tes informáticos.

3 — Depois de registados, as peças processuais e os processos só podem sair da secretaria nos casos expres- samente previstos na lei e mediante as formalidades por ela estabelecidas, cobrando-se recibo e averbando-se a saída.

4 — Será incentivado o uso de meios electrónicos para transmissão e tratamento de documentos judiciais, e para a sua divulgação, nos termos da lei, junto dos cidadãos.

Artigo 126.o

Arquivo

1 — Consideram-se findos para efeitos de arquivo:

a) Os processos cíveis, decorridos três meses após o trânsito em julgado da decisão final;

b) Os processos penais, decorridos três meses após o trânsito em julgado da decisão absolutória ou de outra decisão final não condenatória, da extinção da pena ou da medida de segurança;

c) Os processos em que se verifique a interrupção da instância;

d) Os processos de inquérito, decorridos três meses após despacho de arquivamento;

e) Os demais processos a cargo do Ministério Público, logo que preenchido o seu fim.

225N.o 10 — 13-1-1999 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A

2 — Os processos, livros e papéis ingressam no arquivo do tribunal após a fiscalização do Ministério Público e a correição, consoante os casos, do juiz ou do magistrado do Ministério Público.

Artigo 127.o

Conservação e eliminação de documentos

O Ministro da Justiça define, por portaria, o regime de conservação e eliminação de documentos em arquivo.

Artigo 128.o

Fiéis depositários

1 — Os funcionários que chefiam as secretarias, sec- ções e serviços são fiéis depositários do arquivo, valores, processos e objectos que a elas digam respeito.

2 — Os funcionários referidos no número anterior devem conferir o inventário após aceitarem o respectivo cargo.

CAPÍTULO X

Disposições finais e transitórias

Artigo 129.o

Juízes de círculo

1 — Os juízes de círculo são nomeados de entre juízes de direito com mais de 10 anos de serviço e classificação não inferior a Bom com distinção.

2 — Constituem factores atendíveis na nomeação, por ordem decrescente de preferência, a classificação de ser- viço e a antiguidade.

3 — Na falta de juízes de direito com os requisitos constantes do n.o 1, à nomeação é aplicável o disposto no número anterior.

Artigo 130.o

Equiparação a juiz de círculo

1 — O preceituado no artigo anterior aplica-se à nomeação dos juízes dos tribunais de família, dos tri- bunais de família e menores, dos tribunais de comércio, dos tribunais marítimos, dos tribunais de instrução cri- minal referidos no artigo 80.o, dos tribunais de trabalho, dos tribunais de execução das penas e das varas.

2 — Os juízes a que se refere o número anterior são equiparados, para efeitos remuneratórios, a juízes de círculo.

Artigo 131.o

Juízes de instrução criminal

1 — Nas comarcas em que não haja tribunal de ins- trução criminal, pode o Conselho Superior da Magis- tratura, sempre que o movimento processual o justifique, determinar a afectação de juízes de direito, em regime de exclusividade, à instrução criminal.

2 — O disposto no número anterior é aplicável à comarca ou comarcas em que não se encontre sediado o tribunal de instrução criminal e se integrem na res- pectiva área de jurisdição.

3 — Enquanto se mantiver a afectação referida nos números anteriores, o quadro de magistrados conside- ra-se aumentado do número de unidades correspon- dente.

Artigo 132.o

Utilização da informática

A informática será utilizada para o tratamento de dados relativos à gestão dos tribunais judiciais e à tra- mitação processual, com respeito pelas disposições cons- titucionais e legais em vigor.

Artigo 133.o

Alterações ao Código de Processo Civil

1 — Os artigos 462.o, 791.o e 792.o do Código de Pro- cesso Civil passam a ter a seguinte redacção:

«Artigo 462.o

[. . .]

Se o valor da causa exceder a alçada da Relação, empregar-se-á o processo ordinário; se a não exceder, empregar-se-á o processo sumário, excepto se não ultra- passar metade do valor fixado para a alçada do tribunal de comarca e a acção se destinar ao cumprimento de obrigações pecuniárias, à indemnização por dano e à entrega de coisas móveis, porque nestes casos o processo adequado é o sumaríssimo.

Artigo 791.o

[. . .]

1 — A audiência de discussão e julgamento é marcada para dentro de 30 dias, incumbindo a instrução, dis- cussão e julgamento da causa ao juiz singular.

2 — [Anterior n.o 2.] 3 — [Anterior n.o 3.]

Artigo 792.o

[. . .]

A apelação tem efeito meramente devolutivo, salvo no caso previsto no artigo 678.o, quando seja decretada a restituição do prédio; ao seu julgamento é também aplicável o disposto no artigo 712.o»

2 — A alteração ao artigo 462.o do Código de Pro- cesso Civil não se aplica às causas pendentes.

3 — A alteração aos artigos 791.o e 792.o do mesmo Código não é aplicável às causas em que já tenha sido requerida a intervenção do tribunal colectivo ou em que esteja a decorrer o prazo para requerer a sua inter- venção.

Artigo 134.o

Alteração ao Código de Processo Penal

O artigo 40.o do Código de Processo Penal passa a ter a seguinte redacção:

«Artigo 40.o

[. . .]

Nenhum juiz pode intervir em recurso ou pedido de revisão relativos a uma decisão que tiver proferido ou

226 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 10 — 13-1-1999

em que tiver participado ou no julgamento de um pro- cesso a cujo debate instrutório tiver presidido ou em que, no inquérito ou na instrução, tiver aplicado e pos- teriormente mantido a prisão preventiva do arguido.»

Artigo 135.o

Alteração ao Decreto-Lei n.o 371/93

O artigo 28.o do Decreto-Lei n.o 371/93, de 29 de Outubro, passa a ter a seguinte redacção:

«Artigo 28.o

[. . .]

1 — Das decisões do Conselho da Concorrência cabe recurso para o Tribunal de Comércio de Lisboa.

2 — . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .»

Artigo 136.o

Alteração da classificação dos tribunais

1 — As referências feitas na lei a comarcas ou lugares de ingresso consideram-se feitas a tribunais ou juízos de primeiro acesso.

2 — Nenhum magistrado pode ser obrigatoriamente transferido por motivo de alteração da classificação dos tribunais ou juízos nos termos dos n.os 4 e 5 do artigo 16.o

Artigo 137.o

Tribunais de recuperação da empresa e de falência

1 — Os tribunais de recuperação da empresa e de falência passam a designar-se tribunais de comércio, com a competência referida no artigo 89.o

2 — Não se aplica aos processos pendentes à data da instalação dos tribunais de recuperação da empresa e de falência o disposto na alínea a) do n.o 1 do artigo 89.o

3 — O preceituado nas alíneas b) a g) do n.o 1 e no n.o 2 do artigo 89.o é apenas aplicável aos processos instaurados e aos recursos interpostos a partir da data da entrada em vigor da presente lei.

4 — São mantidos nos respectivos lugares os actuais juízes dos tribunais de recuperação da empresa e de falência.

Artigo 138.o

Tribunais de pequena instância

1 — Os tribunais de pequena instância cível e de pequena instância criminal passam a designar-se por juízos de pequena instância cível e juízos de pequena instância criminal.

2 — São mantidos nos respectivos lugares os actuais juízes dos tribunais referidos no número anterior.

Artigo 139.o

Juízos cíveis de Lisboa e do Porto

1 — Enquanto não forem instaladas varas cíveis nos tribunais das comarcas de Lisboa e do Porto, a com- petência dos juízos cíveis compreende também a com- petência das varas cíveis.

2 — Aos juízes dos juízos cíveis a que se refere o número anterior é aplicável o disposto no artigo 130.o, até à instalação das varas cíveis.

Artigo 140.o

Processos dos tribunais de círculo

Os processos pendentes nos tribunais de círculo tran- sitam para os tribunais competentes, nos termos da pre- sente lei e do seu regulamento.

Artigo 141.o

Julgamento por contravenções ou transgressões

Sem prejuízo do disposto no artigo 86.o, o julgamento por contravenções ou transgressões ainda previstas na lei cabe aos tribunais competentes em matéria criminal para o julgamento em processo sumário.

Artigo 142.o

Julgamento de crimes estritamente militares

Lei própria regulará a participação de juízes militares nos tribunais de qualquer instância que julguem crimes de natureza estritamente militar.

Artigo 143.o

Presidência dos tribunais superiores

O disposto no n.o 1 do artigo 42.o aplica-se apenas aos mandatos que se iniciem a partir da data da entrada em vigor da presente lei.

Artigo 144.o

Juízes auxiliares no Supremo Tribunal de Justiça

1 — Não é permitida a nomeação de juízes auxiliares para o Supremo Tribunal de Justiça.

2 — Os actuais juízes interinos ou auxiliares no Supremo Tribunal de Justiça que, pela presente lei, não sejam definitivamente providos mantêm-se nessa situa- ção até ocuparem a vaga que lhes competir, de acordo com a graduação no respectivo concurso.

Artigo 145.o

Primeiro provimento dos lugares de juiz de círculo

1 — Sem prejuízo do disposto no artigo seguinte, os juízes dos extintos tribunais de círculo que reúnam os requisitos exigidos pelo n.o 1 do artigo 129.o têm pre- ferência absoluta no primeiro provimento de lugares de juiz de círculo nos círculos judiciais da área dos res- pectivos tribunais de círculo.

2 — O preceituado no número anterior é aplicável ao primeiro provimento de lugares a que se refere o n.o 1 do artigo 130.o nos tribunais ou varas sediados na área dos respectivos tribunais de círculo.

Artigo 146.o

Presidentes de círculo judicial

1 — São mantidos nos respectivos lugares, em pro- vimento definitivo, os actuais juízes presidentes de cír- culo judicial que reúnam os requisitos referidos no n.o 1 do artigo 129.o

2 — O disposto no número anterior é aplicável aos juízes dos tribunais de família, dos tribunais de família e menores e dos tribunais de trabalho.

227N.o 10 — 13-1-1999 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A

Artigo 147.o

Remunerações de magistrados

1 — Da aplicação da presente lei não pode ocorrer diminuição do nível remuneratório actual de qualquer magistrado, enquanto não for transferido do tribunal onde se encontra a exercer funções.

2 — O disposto no número anterior é aplicável aos juízes de direito providos interinamente nos lugares de juízes presidentes de círculo judicial, dos tribunais de família e dos tribunais de família e menores até ao termo do período em curso referido no n.o 2 do artigo 100.o da Lei n.o 38/87, de 23 de Dezembro.

Artigo 148.o

Instalação de tribunais

Enquanto o Estado não dispuser de edifícios ade- quados, mantém-se a instalação de tribunais judiciais em imóveis ou partes de imóveis pertencentes a autar- quias locais, em regime de gratuitidade.

Artigo 149.o

Deliberações do Conselho Superior da Magistratura

No âmbito da sua competência, o Conselho Superior da Magistratura deve tomar as deliberações necessárias à execução da presente lei e do seu regulamento.

Artigo 150.o

Norma revogatória

São revogados a Lei n.o 38/87, de 23 de Dezembro, o artigo 3.o da Lei n.o 24/90, de 4 de Agosto, e a Lei n.o 37/96, de 31 de Agosto.

Artigo 151.o

Entrada em vigor e regulamentação

1 — O Governo regulamentará a presente lei, por decreto-lei, no prazo de 90 dias.

2 — Esta lei entra em vigor no dia em que entrar em vigor o diploma que a regulamentar.

3 — No decreto-lei referido no n.o 1 pode estabe- lecer-se que a entrada em vigor de alguns dos preceitos da presente lei possa ser diferida, com vista a permitir a aplicação gradual das medidas previstas, de acordo com as circunstâncias e os recursos disponíveis.

4 — Entram em vigor no dia imediato ao da publi- cação da presente lei os artigos 24.o, 38.o, 40.o, 42.o, 44.o, 45.o, 58.o, 60.o, 133.o e 144.o, bem como o disposto na parte final do n.o 2 do artigo 73.o, quanto ao fun- cionamento dos tribunais de turno a que se refere o n.o 1 do artigo 22.o-A do Decreto-Lei n.o 214/88, de 17 de Junho.

Aprovada em 17 de Dezembro de 1998.

O Presidente da Assembleia da República, António de Almeida Santos.

Promulgada em 4 de Janeiro de 1999.

Publique-se.

O Presidente da República, JORGE SAMPAIO.

Referendada em 5 de Janeiro de 1999.

O Primeiro-Ministro, António Manuel de Oliveira Guterres.


WTO Document Reference
IP/N/1/PRT/1/Rev.1
No data available.

WIPO Lex No. PT039